Vamos exibir mais este “último sonho” de Kurosawa?
A paisagem encontrada por aquele que sonha é idílica. O rio segue limpo, o ar é puro, vemos muitas árvores e flores. A harmonia reina. O seu interlocutor é o velho e centenário senhor de fala mansa... Mas a cada palavra dele, as certezas (ciência) do rapaz tornam-se interrogações.
Nós que assistimos a tudo, refletimos sobre outras certezas. Sabemos que a relação homem-natureza já foi muito mais de integração e preservação. Então, aquele cenário se apresenta como um refúgio... Sabemos que está cada vez mais difícil encontrar ambientes com tal equilíbrio. Vivenciamos as cidades superpovoadas, carregadas de problemas, violência, consumo, poluição. Desumanização...
Isso aí é um paradoxo porque aprendemos que ser humanizado é estar o mais afastado possível da rusticidade... A História registra o que aconteceu: afastamos-nos da natureza, buscamos o conforto que o ambiente urbano proporciona... Nossos dias são barulhentos, as noites são agitadas e cheias de luzes artificiais.
Noites e dias passam rapidamente, sentimos que precisamos de mais tempo para tudo o que pretendemos realizar. Envelhecemos com o sentimento de que não fizemos tudo o que queríamos, e que o que fizemos não ficou bom... Não nos entendemos com os que convivem conosco, então reclamamos, brigamos, nos apartamos.
Ainda há a paranoia dos que possuem os meios de produzir. Extraem da natureza como se os recursos fossem infinitos. E não há partilha... Nações lutam umas contra as outras. Canalizam recursos para se protegerem e/ou atacarem aqueles que, em sua avaliação, representam ameaça ao seu modo de existir.

Realmente um sonho... É só um sonho.
Indicação (livre)
Um abraço,
Prof.Gilberto