quinta-feira, 19 de julho de 2012

Revolução Constitucionalista de 1932 – alguns antecedentes

Getúlio Vargas assumiu o governo em novembro de 1930. Ele tornou-se chefe de um Governo Provisório. Esperava-se que o seu governo organizasse eleições para a Assembleia Constituinte. Dessa maneira a Lei de 1891, que havia sido alvo de muitas críticas dos inimigos políticos dos “cafeicultores do sudeste”, seria substituída. Não é demais lembrarmos aqui que o sistema eleitoral a partir dessa primeira Constituição republicana da história do país, de certa forma, facilitava a “política do café com leite”.
Vargas recebeu um grande apoio dos rebeldes tenentistas da década de 1920 e não poupou cargos no governo para os seus aliados. O exemplo mais evidente é o do tenente coronel Góes Monteiro (chefiou o golpe contra Washington Luís), que recebeu várias promoções do presidente durante o longo período que este permaneceu governando o país. Entre os civis podemos citar jovens políticos que se destacaram na época, como Virgílio de Melo Franco, João Neves da Fontoura e Osvaldo Aranha. Não eram poucos os tenentistas que defendiam que o governo se estendesse sem a definição de nova Constituição... Até manifesto nesse sentido foi redigido e entregue a Vargas.
Há quem diga o contrário, mas para os paulistas Vargas não dava mostras de que iria convocar as eleições. Provocou críticas ao cancelar todos os direitos políticos dos antigos presidentes de estados. Para cada estado ele nomeou um interventor (geralmente ligados ao movimento tenentista). As assembleias legislativas foram fechadas. Em São Paulo, por exemplo, o interventor foi o tenente João Alberto. Houve muita reclamação contra ele, que perseguia os que eram contra o governo provisório... Esse interventor não era paulista e isso também despertou intrigas contra as opções de Vargas. O presidente o substituiu por Laudo de Camargo, paulista que permaneceu por poucos meses de 1931 na chefia do governo do estado (renunciou). De novembro deste ano ao início de 1932, o interventor foi o fluminense Manuel Rabelo...
Os dois principais grupos políticos de São Paulo (PRP e PD), que estavam divididos na época do golpe de 1930 (o Partido Democrático surgiu a partir do rompimento de políticos insatisfeitos com o prosseguimento dos acertos típicos da República Velha), voltaram a se unir em fevereiro de 1932 para exigir maior autonomia política do estado e cobrar as eleições para a Assembleia Constituinte. Em março, Vargas nomeou o paulista Pedro de Toledo em substituição a Manuel Rabelo. Toledo sentiu na pele o desafio que enfrentaria logo que iniciou a formação de um secretariado independente. Vargas não aceitava tamanha ousadia e definia os nomes... Sem dúvida a nomeação de Miguel Costa foi das que mais protestos geraram porque em 1924 ele foi um dos líderes tenentistas no ataque ao governo paulista, participou das lutas que provocaram destruição à cidade e desespero à população (ver http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2010/09/sao-paulo-1924.html).
Aconteceram muitos protestos em São Paulo. Políticos dos dois partidos juntavam-se a soldados locais, professores, gente da imprensa e estudantes. Formou-se então a Frente Única Paulista, que propagava que o governo Vargas era autoritário. No dia 23 de maio, um dia de comício contra Vargas, quatro jovens acabaram assassinados depois de tentarem invadir a sede de um grupo defensor dos ideais da Revolução de 1930 e favorável a Vargas. Eram eles: Mário Martins de Almeida; Euclides Miragaia; Dráusio Marcondes de Sousa e Antônio Camargo de Andrade (Orlando Oliveira de Alvarenga foi um quinto jovem ferido durante os episódios, vindo a falecer três meses depois)...
Então, em homenagem aos quatro primeiros jovens mortos, iniciou-se o movimento constitucionalista (o MMDC). No dia 9 de julho de 1932 estourou a “Revolução Constitucionalista”, que exigia a deposição do governo e a convocação das eleições. Pedro de Toledo aceitou tornar-se governador dos insurrectos e foi aclamado.
Continua...
Um abraço,
Prof.Gilberto

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