Speedy não titubeou... Pegou as notas e conferiu os valores... Depois as guardou no bolso.
Passepartout a tudo assistiu com espanto que o tornava esbranquiçado. Fix teve de respirar fundo para não sofrer um ataque... Simplesmente não podia acreditar que Fogg pagava vultuosa quantia pela velha embarcação deixando ao capitão o que o Henrietta tinha de mais valioso (casco e motores)...
Terminada a negociação, como se quisesse justificar a excentricidade, Fogg disse a Speedy que esperava que ele não se admirasse com a transação. Depois explicou que devia chegar a Londres até às oito e quarenta e cinco da noite de 21 de dezembro para não perder vinte mil libras. Lembrou que havia chegado àquele ponto porque perdera o navio para Liverpool... Teria sido bem diferente se o capitão concordasse em levá-lo à Inglaterra.
(...)
O
capitão Andrew Speedy não precisava de esclarecimentos. Sabia que no final das
contas tinha feito um excelente negócio... Saiu ganhando pelo menos uns
quarenta mil dólares. Reconheceu que o outro era digno de admiração e por isso
sentenciou que ele devia ter “sangue yankee”.
(...)
Todo madeiramento do
Henrietta tornou-se propriedade de Phileas Fogg.
Imediatamente
todas as instalações internas foram demolidas para que as fornalhas pudessem
ser alimentadas.
Naquele dia 18, “o
tombadilho, os roofs, as cabines, os alojamentos e o passadiço” foram reduzidos
a lenha.
No dia seguinte, a
tripulação picou os mastros...
Dia 20 foi a vez da
“pavesada, bandeiras, galhardetes, castelos de popa e proa”... Praticamente
todo o convés foi utilizado e o Henrietta tornou-se uma “embarcação rasa”...
Mas continuou a navegar a contento.
E foi assim que
atingiram a costa irlandesa... O farol de Fastenet foi avistado... Por volta
das dez da noite navegavam Queenstown. Fogg sabia que mantendo todo vapor
chegariam a Liverpool, mas não podiam desperdiçar o madeiramento.
O capitão Speedy passou a observá-lo com certo interesse... Disse que
tudo parecia conspirar contra o seu projeto.
De fato, se levarmos em conta apenas a planilha de Fogg temos de
concordar que ele estava bem atrasado. Seppedy mostrou que as luzes locais eram
de Queenstown, portanto, tinham muito a navegar.
Fogg perguntou se podiam levar o que restou do
Henrietta até aquele porto. Speedy disse que teriam de aguardar a maré subir, o
que ocorreria após as três horas da madrugada.
(...)
O inglês decidiu
aguardar...
Aquele porto do litoral irlandês era passagem de transatlânticos
norte-americanos, que descarregavam correspondências... As cartas eram levadas
para Dublin em trens... E de lá seguiam para Liverpool em velozes embarcações.
(...)
Por
volta de uma da madrugada, o que restava do Henrietta pôde entrar no porto de
Queenstown graças à subida da maré, portanto antes da previsão do capitão. Speedy
se despediu dos passageiros e assim tornou-se novamente senhor do navio.
(...)
Fogg, Aouda,
Passepartout e Fix encaminharam-se à estação ferroviária e pegaram o trem para
Dublin, onde chegaram ao amanhecer.
Fix foi tomado por um forte desejo de prender Phileas Fogg logo que
chegaram a Queenstown, mas conteve-se e prosseguiu com o grupo.
Em
Dublin, ingressaram numa embarcação veloz... Graças a isso alcançaram o porto
de Liverpool antes do meio-dia... A planilha de Fogg registrava o dia 21 de
dezembro.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/08/a-volta-ao-mundo-em-oitenta-dias-de_18.html
Leia: A
Volta ao Mundo em Oitenta Dias – Coleção “Eu Leio”. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto