domingo, 6 de agosto de 2017

“A Volta ao Mundo em Oitenta Dias”, de Júlio Verne – da “Coleção eu Leio” – o trenó de Mudge; bom desempenho sobre a pradaria e o rio congelados; “música” do vento frio contra os fios metálicos; expectativas e pensamentos de Passepartout

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/08/a-volta-ao-mundo-em-oitenta-dias-de_4.html antes de ler esta postagem:

Evidentemente o trenó era adequado ao gelo... Durante os invernos mais rigorosos, os trens deixavam de circular, então eram veículos como aquele que levavam passageiros de uma estação para outra.
Os mais conhecidos trenós são puxados por animais... Aquele que Phileas Fogg contratou, impulsionado pelo vento, era bem diferenciado. Era certo que ele deslizava satisfatoriamente pelas pradarias congeladas... Pode-se mesmo dizer que podia viajar tão rápido quanto os trens expressos.
(...)
Não demorou e o inglês conseguiu um acordo com Mudge... O americano garantiu que podia levá-los  até Omaha... O vento lhes era favorável, assim, em “poucas horas”, atingiriam o objetivo.
Uma vez em Omaha, teriam muitas opções graças à grande quantidade de ferrovias e trens que servem Chicago e Nova York.
Portanto aquela alternativa não era desprezível. O tempo perdido podia ser recuperado! É claro que se tratava de mais uma aventura na longa jornada, mas, diante das circunstâncias, o mais razoável era correr o risco.
(...)
O desconforto era evidente...
O vento gelado seria torturante... Ainda mais se o trenó desenvolvesse alta velocidade como sugeria o seu proprietário.
Fogg achou melhor propor à Aouda que permanecesse na estação de Kearney. Passepartout lhe faria companhia... Mais tarde o francês providenciaria transporte mais adequado.
A jovem não aceitou. De modo algum se afastaria de seu protetor... Passepartout aprovou sua decisão... Ele também não achava conveniente o patrão seguir no trenó na companhia de Fix.
Quanto ao policial, sabemos que suas opiniões em relação àquele que desejava prender estavam abaladas, todavia resolveu manter-se firme quanto ao seu dever... Não era por acaso que mostrava-se apressado enquanto se preparavam para a partida.
(...)
O trenó começou a deslizar às oito horas da manhã.
Fogg e os que o acompanharam se acomodaram no veículo. O frio intenso os obrigou a se envolverem em pesados cobertores.
As velas encheram-se e o trenó alcançou a velocidade de 65 quilômetros por hora. Em “linha reta”, até Omaha, teriam de percorrer 320 quilômetros. Se as boas condições persistissem, e se nenhum acidente ocorresse, chegariam ao destino às 13:00.
Evidentemente o maior desconforto para os passageiros era o vento gelado. Por isso se mantiveram uns junto aos outros... Isso ajudava a suportar a friagem. Como era impossível conversar, mantinham-se em silêncio.
A sensação que se tinha a respeito do deslizar do trenó era a de que se assemelhava à navegação em águas tranquilas. Mudge entendia bem da condução e era com maestria que manipulava o leme. Dessa forma, as “guinadas bruscas” eram evitadas.
O vento continuou favorável e por isso o americano sentenciou que, se nenhum acidente ocorresse, chegariam a tempo.
O americano estava focado no objetivo de conduzir o trenó velozmente e em segurança porque o acordo com Fogg lhe renderia boa gratificação. Ele conhecia o caminho mais curto...
(...)
A ferrovia serpenteava para sudoeste e depois para noroeste... Percorrendo a margem direita do reio Plate, as composições puxadas por locomotivas atravessavam Grand Island, Columbus (uma das cidades mais importantes de Nebraska), Schuyler, Fremont até chegarem a Omaha. No caso do trenó, as águas congeladas do rio se tornavam um caminho totalmente livre de qualquer obstáculo.
O vento continuou a soprar as velas e assim a condução prosseguiu ligeira. Os fios metálicos que as fixavam ao veículo sibilavam ao sabor do sopro. Fogg chegou a comentar que o som que ouviam era o da quinta e o da oitava.
Esse comentário foi a única fala que se pronunciou durante toda a viagem... Os passageiros permaneceram contraídos em seus capotes, peles e cobertores... Em seu silêncio, Passepartout se animou com a possibilidade de chegarem a Nova York no começo da tarde e com o embarque para a Inglaterra.
O francês reconhecia que era graças a Fix que a viagem pela América podia ser concluída. Se não fosse o policial, ainda estariam em Kearney. Mas não se atrevia a cumprimentá-lo... Enquanto sentia o ar gelado em seu rosto, Passepartout se lembrava que tinha de agradecer mesmo ao seu patrão, um homem corajoso e capaz de arriscar a fortuna e a própria vida para salvá-lo.
Leia: A Volta ao Mundo em Oitenta Dias – Coleção “Eu Leio”. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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