Fogg despediu-se de Aouda com um aperto de mão e confiou-lhe a bolsa com o que ainda restava do dinheiro reservado para a viagem.
A propósito, o inglês reuniu a tropa que se formou para acompanhá-lo na busca dos passageiros desaparecidos e anunciou uma recompensa de mil libras caso conseguissem resgatá-los.
(...)
Aouda recolheu-se a um quarto da estação.
Retirada
dos demais, passou a pensar em tudo o que estava ocorrendo. Não pôde deixar de
considerar que Fogg, além de seu protetor, era um herói por tudo o que fazia...
Sua generosidade e coragem o tornavam singular. Como não se comover com sua
situação! Ele estava comprometendo a aposta (motivo pelo qual saíra pelo mundo)
e, como se não bastasse, arriscava a própria vida por entender que não podia
deixar de cumprir o dever de resgatar Passepartout.
(...)
Evidentemente este
não era o modo de pensar de Fix...
Logo
após os homens terem se retirado em disparada na perseguição aos guerreiros
sioux, o policial refletiu sobre como havia sido tolo ao concordar com a
partida de Fogg. Afinal, depois de toda perseguição que empreendera, por
ingenuidade, acabara deixando-o escapar.
De tanto pensar,
cogitou que Passepartout teria revelado a sua verdadeira identidade ao
patrão... Certamente haviam armado a situação para escapar!
Seu drama crescia na
medida em que as horas passavam sem que a expedição desse o menor sinal de
retorno.
E se contasse toda a
verdade à jovem? Falaria sobre os reais motivos que o levou a acompanhá-los na
viagem... Porém logo concluiu que essa não seria uma boa ideia, pois Aouda era
fiel ao seu protetor.
Ele também poderia
partir em perseguição ao grupamento... As pradarias estavam que eram uma
brancura só por causa da neve... Poderia seguir os rastros dos cavalos...
Essa ideia revelou-se
impraticável porque certamente mais neve cairia e os rastros desapareceriam...
Talvez fosse melhor desistir da perseguição... Entregaria os pontos porque,
embora tivesse o mandado de prisão no bolso, jamais conseguiria reencontrar o
ladrão do Bank of England.
(...)
Fazia aproximadamente duas horas que Fogg e os soldados voluntários
tinham deixado a estação, quando apitos sopraram a certa distância... Ao que
tudo indicava um trem vindo do leste se aproximava da estação.
A bruma era intensa e naturalmente não se tinha uma visão definida do
que estava se aproximando... A situação era no mínimo estranha porque àquela
hora não se esperava que nenhum trem chegasse à estação. O que vinha de Omaha
para São Francisco só chegaria no dia seguinte! A composição vinha numa lenta
velocidade e a visão enuviada conferia-lhe um “aspecto fantástico”.
Pelo telégrafo pediram socorro, mas este só era
esperado para mais tarde... Enfim ficou-se sabendo que o que se aproximava era
a locomotiva que havia sido desconectada dos vagões por Passepartout...
(...)
Aconteceu que máquina
avançou por cerca de trinta e cinco quilômetros depois de passar da estação de
Kearney, perdeu vapor até parar completamente... Algum tempo se passou, o
foguista e o maquinista se recuperaram do trauma que haviam sofrido após a
invasão dos sioux, então entenderam que estavam apartados dos vagões de passageiros.
O maquinista concluiu que os passageiros ainda corriam perigo e decidiu
alimentar o fogo para a produção de mais vapor... Em vez de fazer a locomotiva
seguir para Omaha, a fez voltar na ferrovia até chegar os vagões.
(...)
Os
viajantes aprovaram a decisão do maquinista e se sentiram aliviados ao verem
que os vagões engatados à locomotiva.
Aouda notou a
agitação e dirigiu-se ao orgulhoso funcionário da companhia. Ela quis saber se
dariam prosseguimento à viagem... O maquinista respondeu afirmativamente, em
instantes estariam prontos, pois o serviço não podia ser interrompido.
A
jovem argumentou que havia desaparecidos... O homem explicou que já tinham
perdido três horas e por isso não podiam esperar mais. O próximo trem de São
Francisco só passaria por ali na noite do dia seguinte, então ele a aconselhou
a partir imediatamente com os demais.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/08/a-volta-ao-mundo-em-oitenta-dias-de_3.html
Leia: A
Volta ao Mundo em Oitenta Dias – Coleção “Eu Leio”. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto