Passepartout cuidou de fechar o bico de gás que queimou durante oitenta dias... Sabemos o quanto desejava resolver isso!
(...)
Ele se sentia muito
intranquilo, e não era por acaso que vigiava o patrão em segredo... Receava que
Fogg tomasse uma atitude extremada.
(...)
Aouda ocupava o quarto
lhe foi reservado... Também ela estava aflita.
Evidentemente sentia-se angustiada. E tornou-se desesperada depois de
ouvir do próprio Fogg que ele vinha planejando algo “funesto”. O que podia ser?
A jovem não conseguia resposta para essa pergunta e tampouco tirava essa
preocupação de seus pensamentos.
(...)
Pela
manhã, Fogg havia solicitado a seu criado que providenciasse o desjejum de
Aouda... Pediu que apresentasse suas desculpas por manter-se ausente (desde que
chegaram Fogg se recolhera ao seu aposento). Naturalmente, depois de tanto
tempo distante de casa, ele tinha de “colocar em dia” seus papéis. Salientou
que à noite precisaria conversar com ela e por isso adiantava-se a pedir-lhe
permissão.
Para si, Fogg pediu
apenas uma xícara de chá e uma torrada.
(...)
Podemos
imaginar o quanto Passepartout sofreu no momento em que recebia as ordens para
o “programa do dia”. Sua consciência o torturava, pois não deixava de se
considerar o maior culpado pelo trágico desfecho do projeto de seu estimado
patrão.
Antes de se retirar,
ele principiou a dizer que merecia ser amaldiçoado. Entretanto Fogg o
interrompeu e sentenciou que não acusava ninguém. Na sequência ordenou que fosse
cumprir suas obrigações.
Passepartout foi ter
com Aouda e explicou-lhe tudo conforme lhe havia sido ordenado. Acrescentou em
tom de lamentação que não tinha nenhuma “influência sobre o espírito” do patrão...
E sugeriu que talvez a jovem pudesse fazer algo.
Aouda respondeu que
Fogg não aceitava influências. Nem mesmo dela. Depois, também a lamentar-se,
perguntou se alguma vez ele teria compreendido o reconhecimento que ela trazia
em seu coração.
Ela não tinha dúvida
de que não era razoável permitir que Fogg permanecesse isolado por muito tempo.
Por fim, não escondeu a ansiedade pela conversa que teria com ele mais tarde.
(...)
Às onze e meia a torre do Parlamento acusou o horário em que costumeiramente
Fogg se retirava para o clube.
Mas dessa vez ele não viu o menor sentido de repetir o seu antigo
ritual... Certamente os companheiros de uíste o aguardaram na véspera até às oito
e quarenta e cinco da noite. Evidentemente ele não apareceu no salão do clube
conforme o combinado.
O leitor só pode concluir que os apostadores que
se reuniram terminaram o dia celebrando vitória... O desafiante deixara o
cheque assinado, portanto teriam apenas de solicitar ao banco o valor que seria
entre eles dividido. Quatro mil libras para cada um!
(...)
Phileas Fogg
permaneceu em casa cuidando de seus papéis. A casa continuou trancada...
Passepartout subiu e desceu as escadas diversas vezes, espiou pela
fechadura para certificar-se de que o patrão ainda lidava com as tarefas que
somente a ele diziam respeito.
O rapaz também pensou sobre Fix... E era com sinceridade que sentia que
já não podia guardar rancor daquele tipo. Infelizmente ele cometera um sério erro
em relação a Fogg... O policial cumpriu o seu dever e manteve-se firme no
propósito de prender “o homem errado”.
Infelizmente
devia haver muita gente que fazia juízos equivocados a respeito de seu patrão.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/08/a-volta-ao-mundo-em-oitenta-dias-de_83.html
Leia: A
Volta ao Mundo em Oitenta Dias – Coleção “Eu Leio”. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto