sexta-feira, 18 de agosto de 2017

“A Volta ao Mundo em Oitenta Dias”, de Júlio Verne – da “Coleção eu Leio” – voz de prisão; Passepartout explica a dramática situação à Aouda; tristeza e arrependimentos do criado; “indecifrável” postura do detido no posto policial da alfândega

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/08/a-volta-ao-mundo-em-oitenta-dias-de_60.html antes de ler esta postagem:

Então é isso...
Às onze e quarenta da manhã do dia 21 de dezembro, Fogg e os companheiros de viagem desembarcaram no porto de Liverpool.
A estratégia de utilizar o mesmo transporte dos correios deu certo. Londres estava apenas a seis horas... Fogg podia, enfim, estufar o peito e garantir que tinha razão a respeito da “volta ao mundo em oitenta dias”. Chegara com folga!
Mas aconteceu que Fix se aproximou dele com extrema formalidade. Perguntou-lhe se seu nome era mesmo Phileas Fogg. Ao ouvir a confirmação, o policial sentenciou que “em nome da rainha” ele estava preso.
(...)
Bem que Passepartout quis atirar-se sobre Fix para despejar bons golpes contra ele, mas tiras que já acompanhavam o detetive o impediram.
Evidentemente a jovem Aouda não conseguiu entender nada do que estava acontecendo... Enfim o francês teve de explicar-lhe tudo.
O caso era muito sério... Aouda chorou também por perceber que nada podia fazer para libertar aquele que até então era seu protetor e exemplo de fidalguia.
Fix nada tinha a ver com os problemas da jovem ou do criado. E muito menos com os de Fogg! Cumprira seu dever. A justiça decidiria se o tipo era ou não culpado.
(...)
Fogg foi encaminhado para o prédio da “alfândega de Liverpool”. Ali funcionava um posto policial, a delegacia da Customhouse. À noite seria transferido para a capital.
Passepartout e Aouda não deixaram a alfândega... As autoridades locais não se importaram com a presença dos dois e nem com o desconforto que o frio estava provocando.
O francês pensava no quanto havia falhado ao não revelar a verdadeira identidade de Fix ao seu patrão. Caso o fizesse, certamente Fogg esclareceria sua inocência... Evidentemente tratava-se de um equívoco!
Era lamentável que os acontecimentos tivessem se sucedido daquela maneira... Por não conhecer os propósitos de Fix, Fogg acabou contribuindo para que o perseguidor permanecesse em seu encalço até o fim da jornada.
O imenso remorso trouxe lágrimas ao rosto de Passepartout.
A prisão arruinava qualquer possibilidade de concretizar a façanha...
(...)
Neste ponto do texto (página 227) da E. Ática lemos que “se tivesse chegado a Liverpool vinte minutos antes do meio-dia do dia 21 de dezembro”,,,
Essa redação é discrepante ao que se afirma à página 224, onde se lê que “vinte minutos antes do meio-dia do dia 21 de dezembro, Phileas Fogg finalmente desembarcou no porto de Liverpool”...
(...)
Fogg manteve-se imóvel, sem esboçar qualquer alteração em sua fisionomia. A situação era dramática para ele. Qualquer um que passasse por uma situação como aquela reagiria...
Era de comover! Será que em algum momento o cavalheiro extravasaria emoções contidas? Estaria esperando algum milagre?
Deixou o relógio sobre a mesa. Pacientemente acompanhou o avanço dos ponteiros. Um observador alheio ao caso diria que aquele homem, ou era honesto e terminaria seus dias na mais completa ruína, ou (sendo desonesto) merecia a detenção.
Não dava para saber o que se passava pelos pensamentos de Fogg. Ainda tinha esperança de vencer a aposta? Conseguiria fugir? De fato, num determinado momento, percorreu o recinto com os olhos... Mas não havia brechas no local, e a porta com barras de ferro estava muito bem trancada.
Abriu sua planilha de viagem... Na linha reservada para o dia “21 de dezembro, sábado, Liverpool” registrou “80º dia, 11h:40 da manhã”.
Leia: A Volta ao Mundo em Oitenta Dias – Coleção “Eu Leio”. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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