segunda-feira, 18 de agosto de 2014

“Os Mandarins”, de Simone de Beauvoir – na boate com o grupo de Lucie Belhomme; congratulações e sentimento de solidão

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/08/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir-nao.html antes de ler esta postagem:

O que diriam Lambert, Vincent, Volange, Lachaume, Paule, Anne, Dubreuilh, Samazelle e Luc? Por dentro, Henri sentia-se envergonhado... Sabia que não tinha razão... Mas estava brigado com Dubreuilh, desautorizado pelo SRL, considerado traidor por L’Enclume e por todos os comunistas...
(...)
Qual o remédio? Pensando em Scriassine, deu-lhe razão... Henri encheu o copo e decidiu embriagar-se... Divertir-se...
A mãe de Josette disse-lhe que ele havia sido muito corajoso por “denunciar todos aqueles horrores”... Ele respondeu que “atacar a URSS” não proporcionava nenhuma reação terrorista contrária, assim não era digno de tantos elogios... Belhomme completou seu pensamento ressaltando que Henri tinha lugar certo entre os esquerdistas, mas com aquela denúncia acabaria vivenciando muitos problemas.
Talvez ironizando, Henri respondeu que poderia pensar que o episódio ainda lhe proporcionaria “arranjos” com o pessoal da direita... Dudule se intrometeu dizendo que “esquerda” e “direita” eram noções superadas, que só atrapalhavam o processo político... Para ele, o país devia compreender que a “colaboração entre capital e trabalho” era necessária... Parabenizou Henri pela “reconciliação” entre aqueles dois fatores.
(...)
Ser felicitado por “gente daquela qualidade” era o “pior tipo de solidão”... Claudie emendou com satisfação que Dubreuilh “devia estar espumando”; Lulu Belhomme quis também gozar da figura de Anne ao perguntar a todos com quem ela dormiria, pois “Dubreuilh era quase um velho”...
É claro que Henri não tinha como responder àquela curiosidade...
Lucie prosseguiu destilando o seu veneno e fez referência à ocasião em que Anne apareceu em uma das reuniões das amigas... Relatou que se tratava de “uma bela convencida”, que fazia questão de se apresentar com trajes que tinham a única intenção de revelar a sua identidade socialista...
Era na qualidade de quem “viajou por todo o mundo” que Dudule se manifestava... Para ele, “Portugal era um paraíso”. O que Henri poderia dizer? Ele mesmo escolhera estar naquele meio... Concluía apenas que aqueles tipos consideravam a riqueza um mérito e que mereciam o que possuíam.
(...)
Josette se acomodou ao seu lado. A moça trajava um “vestido verde, generosamente decotado”.
Henri pensou que, para alguém que pretendia evitar os olhares e assédios masculinos, ela expunha muito de si... É certo que não apreciava aquela atitude...
Conversaram sobre a peça e a apresentação daquela noite... Tudo correra bem mais uma vez e a carreira de Josette tinha tudo para despontar.
Ela comentou sobre certa Felícia Lopez, que estava numa mesa mais ao fundo... Comentou que a outra estava muito bem arrumada e que era mesmo muito bonita. Neste ponto, Lucie Belhomme chamou-lhe a atenção ao dizer que ela não devia dar a sua opinião a respeito da beleza de outra mulher na presença de um homem porque este poderia considerá-la menos interessante...
Henri respondeu que Josette não tinha por que temer.
Lulu sugeriu que ele oferecesse bebida à filha... Talvez ela se animasse mais.
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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