sexta-feira, 28 de março de 2014

“Holocausto Brasileiro – Genocídio: 60 mil mortos no maior hospício do Brasil”, de Daniela Arbex – a história de Débora, filha de Sueli Rezende, e sua trajetória ao encontro da mãe

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/03/holocausto-brasileiro-genocidio-60-mil_27.html antes de ler esta postagem:

Vimos que Débora Aparecida Soares cresceu distante de sua mãe biológica (que, como sabemos, era a polêmica Sueli, interna do Colônia). Arbex informa que sua infância foi marcada por visitas ao hospital psiquiátrico, onde, sem saber, chegou a conversar com sua verdadeira mãe.
Holocausto Brasileiro registra que a menina era muito querida pelas internas... Enquanto Débora corria pelos corredores, mantinha contato com “aquelas mulheres nuas e de cheiro ruim” e, não raras vezes, conversava com elas. As “tias”, como as chamava, queriam pegá-la no colo como se fosse a neném do lugar.
Débora e Sueli trocaram palavras num diálogo em que a menina quis saber por que a “tia” vivia naquele ambiente... A interna explicou que não tinha onde morar, mas que era mãe de duas filhas... Débora se recorda de ter dito que gostaria de brincar com elas, mas a “tia” não sabia por onde as duas andavam.
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Conforme o tempo passou, vários questionamentos perturbaram Débora... Ela cresceu sem saber que fora adotada por Jurema Soares, mas aos poucos percebeu que entre elas havia muitas diferenças... Além disso, sentia-se muito mais pressionada do que amada pela mulher.
Aos vinte anos, Débora se mudou para a histórica cidade de São João del-Rei, onde tornou-se estudante do curso de Letras... Durante o período de férias de 2005, ela se desentendeu com Jurema. Sua percepção era a de que levava uma vida infeliz e repleta de incertezas.
Em 2007, ela desabafou suas angústias com uma senhora que havia cuidado dela durante a infância. Então a mulher revelou sua verdadeira história... Isso aliviou a consciência de Débora.
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Depois de conhecer suas origens a partir da conversa com a antiga conhecida, a moça falou com o irmão (cinco anos mais velho que ela) a respeito de sua descoberta... O rapaz explicou-lhe que desconfiava que ela não fosse sua legítima irmã, pois não viu a mãe com “barriga de grávida” até o dia em que lhe apresentou Débora recém-nascida.
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Débora animou-se a encontrar a mãe biológica... Em seu íntimo, tinha certeza de que ela também desejava vê-la. Então passou a procurar informações a seu respeito.
Ela ouviu de Jurema que sua mãe biológica fora um tipo desprezível e rejeitado por todos por causa de suas atitudes agressivas e extravagantes. Mas nada daquilo poderia anular a sua vontade de estar com Sueli.
Assim, Débora decidiu revisitar o Colônia (agora uma instituição vinculada ao Fhemig – Fundação Hospitalar do estado de Minas Gerais)... A secretaria a encaminhou a um dos pavilhões femininos, porém logo reconheceu que a paciente não se tratava de sua mãe. Apesar disso, contaram-lhe a respeito de Sueli Rezende, que lamentavelmente havia falecido há um ano.
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A triste notícia fez Débora mergulhar no passado de sua verdadeira mãe. O hospital permitiu que ela acessasse os registros a respeito de Sueli Rezende...
É claro que isso não acalentou a sua dor, mas foi assim que ela recolheu fotografias e alguns poucos objetos (sendo um terço rosa o “mais significativo”, guardado por ela “como relíquia”).
A partir dos prontuários (e de vários outros registros), Débora ficou sabendo o quanto sua mãe se esforçou e atuou de modo consciente por ocasião do parto em 23 de agosto de 1984.
Sem dúvida, Sueli pode ser considerada “a mais famosa interna da história do Colônia”.
Leia: Holocausto Brasileiro. Geração Editorial.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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