Psique foi muito bem recebida por Prosérpina em seu palácio. Até um banquete lhe foi oferecido, mas ela recusou, preferindo alimentar-se do pão seco. Transmitiu o recado de Vênus e logo após recebeu a caixa “repleta de coisas preciosas”.
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O texto de Roriz não trata desses detalhes, mas registra a curiosidade
incontrolável da moça, que quis “examinar o conteúdo da caixa”. Bulfinch
destaca que a intenção de Psique era aproveitar da Beleza Divina que
transportava e, assim, pareceria “mais bela aos olhos de seu amado marido”.
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Ao abrir a caixa, Psique
foi tomada pelo “sono estígio” (referência ao rio dos Infernos, o Estige)... O
texto de Roriz dá a entender que Eros assistiu impotente a esse episódio
através do portal erigido pelo raio lançado por Zeus...
Bulfinch revela que o deus do Amor recuperou-se do ferimento e,
preocupado com a ausência de Psique, “passou pela greta da janela de seu quarto
e voou até o lugar” onde ela estava desfalecida.
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Cupido combateu eficazmente o sono que dominava o
corpo de sua amada e o trancou na caixa... Depois disso reanimou-a com a ponta
de uma de suas flechas... Ele a advertiu sobre como a curiosidade a levou à
recaída. Todavia destacou que ela precisava apresentar-se a Vênus demonstrando
que tinha cumprido satisfatoriamente a última tarefa.
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Em Eros e Psique, de Roriz, o
episódio da “ressurreição” de Psique envolve a presença de várias divindades do
Olimpo. Ela retornou à vida muito preocupada por ter falhado em sua última
tarefa, e por acreditar que não mais poderia viver ao lado do marido.
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Em O Livro de
Ouro da Mitologia notamos que Cupido atua sozinho, impulsionado pelo amor
que nutre por Psique, e a faz reviver.
Depois de salvar a amada, Cupido foi ter com Júpiter (Zeus) para que
este intercedesse junto a Vênus... O maior dos deuses conseguiu que a deusa da
Beleza aceitasse a união do casal sem mais incomodá-lo.
Júpiter solicitou a Mercúrio (Hermes) que conduzisse Psique à
“assembleia celestial”. A cerimônia teve por finalidade torná-la imortal... A
partir de então, sua união com Cupido seria eterna...
Depois tiveram uma filha, Prazer...
A “narrativa clássica”
termina assim.
(...)
Roriz apresenta um
encerramento em que Eros é julgado... No episódio há os que se posicionam como
acusadores (Apolo, Hades e Ares) e há os que lhe são favoráveis, como Poseidon
e Zéfiro. Depois dos vários depoimentos em que notamos os motivos das
desavenças dos desafetos de Eros, Zeus pronuncia o veredicto favorável ao
acusado.
Vale registrar que o próprio Eros fez a sua defesa e a troca de juízos
entre ele e a acusação leva o jovem leitor a buscar maiores informações sobre
outros mitos...
A vitória de Psique sobre a
morte foi motivo de regozijo também para Afrodite, que esclareceu que desde o
início estivera controlando o padecimento sofrido pelo casal como parte de uma
preparação para a nova vida que se descortinaria. Como vimos, o narrado em O Livro de Ouro da Mitologia apresenta
uma Vênus vingativa, tenaz perseguidora de sua rival.
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Roriz coloca Zéfiro no
centro das atenções do desfecho de sua narrativa. Ali, como sabemos, o deus do
Vento se converteu em um rapper que
faz divertidas rimas sobre o paradeiro das formigas e carneiros, além disso,
deixa escapar uma última provocação que lhe rende a perseguição de Afrodite...
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Depois de apresentar a história de Eros e
Psique, Bunfinch faz alguns esclarecimentos relevantes para a melhor
compreensão do mito. O estudioso teve o cuidado de destacar recortes em que a
arte se inspirou nele (isso ocorre a cada final de capítulo do livro).
Leia: Eros e Psique. Coleção Mitológica. Editora Paulus.
Leia: O Livro de Ouro da Mitologia. Ediouro.
Um abraço,
Prof.Gilberto