domingo, 26 de fevereiro de 2012

"Corações Sujos", de Fernando Morais - os planos para as ações tokkotai do dia 16 de agosto

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2012/02/coracoes-sujos-de-fernando-morais_24.html antes de ler esta postagem:

Sakane preparou um atentado de grandes proporções para o dia 15 de agosto... Essa data é significativa, pois é o aniversário da rendição japonesa (que para ele não passava de farsa), então, em sua opinião, ela merecia um evento gigantesco para mostrar aos inimigos da Shindo que estavam errados. Com os tokkotai reunidos, decidiu que quinze makegumi deveriam morrer simultaneamente às 15:00 daquele dia... Mas ponderaram que a data também possui significado para os brasileiros católicos (que celebram a Assunção da Virgem Santíssima)... Dessa forma, mudaram as ações para o dia seguinte quando, às 16:00, dezesseis makegumi seriam assassinados.
Todos os “marcados para morrer” receberam bilhetes sobre a sentença tokkotai... As acusações referiam-se ao comportamento dos sentenciados, e normalmente citavam o modo como propagaram abertamente sobre a derrota do Japão na Guerra, ou como falaram mal do imperador e sua família. Todos eram orientados a manterem o pescoço lavado e a aguardar a chegada tokkotai.
Jorge Okazaki, colaborador da polícia, citado no caso dos “sete samurais de Tupã”, estava na lista dos que deviam morrer. Ele era um dos mais detestados makegumi porque, além de auxiliar a polícia nos processos contra os kachigume, tinha um escritório imobiliário que prestava importantes serviços ao homem mais rico e poderoso de Tupã: Luiz de Souza Leão... Okazaki tinha muitas afinidades com ele.
Okazaki era um alvo tão precioso que o próprio Sakane pretendia se encarregar de sua morte, porém o tokkotai Kohei Kato insistiu em se responsabilizar pela tarefa como forma de se redimir do fracassado atentado em Inúbia, quando ele falhou, permitindo que Assano escapasse com vida.
Shuro Ohara era outro “selecionado” na lista dos dezesseis... Sobre ele pesava a acusação de distribuir entre os japoneses os jornais que o Consulado Americano havia providenciado por ocasião de sua “Operação Verdade”.
Chama-nos a atenção o fato de, apesar de a Shindo ter sido desmantelada, as operações tokkotai continuaram a receber dinheiro. Morais faz referências à “Casa Marília”, uma loja de ferragens e, ao mesmo tempo, um mercadinho... Seiiti Hayakawa era um seguidor ferrenho da Shindo Renmei. Por ocasião do encontro no Palácio do Governo na capital, Hayakawa exigiu que as autoridades censurassem os noticiários sobre a derrota japonesa na guerra. Ele era um dos sócios da “Casa Marília” e, mesmo preso em São Paulo, orientava os outros donos da loja a fornecerem os recursos que Sakane precisasse em seus projetos. Assim cada tokkotai recebeu os recursos materiais necessários à ação: facas, armas de fogo, munição, bandeiras... Além da orientação de se entregarem às autoridades tão logo cumprisse sua missão.
Então, na tarde do dia 16 de agosto de 1946, na cidade de Tupã, os tokkotai de Sakane estavam preparados e partiram para os ataques marcados para as 16:00.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/03/coracoes-sujos-de-fernando-morais-os.html
Leia: Corações Sujos. Companhia das Letras.

Um abraço,
Prof.Gilberto

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