Podemos pensar que a
perseguição implacável da polícia ao pessoal da Shindo Renmei reduziria
sensivelmente as ações da seita... E isso seria reforçado pela prisão do
coronel Junji Kikawa no dia 8 de maio. Mas não foi isso o que ocorreu... Muito
pelo contrário, no interior do estado de São Paulo, passou a acontecer um
grande número de atentados. Questionado pelos intérpretes José Santana do
Carmo e Mário Botelho de Miranda, o velho Kikawa disse que a polícia não teria
como colocar um fim nas desavenças entre kachigumi
(os chamados “vitoristas”, seguidores da
Shindo) e makegumi (os “derrotistas”,
que admitiam e propagavam a derrota japonesa na segunda guerra)... Ele declarou
que a única saída seria prender todos os japoneses residentes no Brasil... Além de a polícia
não ter mais trabalho, os makegumi
ficariam a salvo das perseguições... É claro que a afirmação do líder da Shindo
tinha apenas o caráter de considerar que os problemas eram insolúveis... Não
haveria cárcere suficiente para tantas reclusões!Mesmo detido, as ordens de Kikawa aos seus tokkotai continuavam a ser as de perseguir e fuzilar os traidores do Japão e do Yamatodamashii. A polícia continuou a apreender material adulterado para forjar propaganda enganosa acerca das conquistas japonesas... A revista bimestral Hiraki, que significa “fulgor, era o veículo da Shindo Renmei que mais apresentava textos e fotografias para iludir a comunidade nipônica... Dinheiro falso também foi apreendido... Propagava-se que a unificação monetária mundial em breve seria uma realidade “graças à vitória do império japonês”. Incoerentemente, o preço do iene foi às alturas. Havia dólares, florins e pesos falsificados (“emitidos pelo governo japonês”, impressos em São Paulo) para transmitir a ideia de que o Japão estava dominando a Economia mundial.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/02/coracoes-sujos-de-fernando-morais-o.html
Leia: Corações Sujos. Companhia das Letras.
Um abraço,
Prof.Gilberto
