terça-feira, 3 de janeiro de 2012

"Corações Sujos", de Fernando Morais - décadas de 1920, 1930, 1940 - um recorte

Sugiro que acesse http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2011/12/coracoes-sujos-de-fernando-morais_31.html antes da leitura deste texto.

O início da onda de imigrações japonesas para o Brasil ocorreu ao tempo da Primeira República (1889-1930). De modo bem simples, podemos dizer que por esse período a política nacional esteve caracterizada pelo predomínio das oligarquias, sobretudo os produtores/exportadores de café da região Sudeste do país. Era um tempo em que ocorriam muitas fraudes eleitorais e nas diversas regiões do país prevalecia a força dos grandes proprietários rurais. Famílias tradicionais mantinham-se no poder graças à força que podiam impor em seu meio... E, como mantinham uma relação de “prestadores de favores” aos mais necessitados, eram pouco incomodados. Essa primeira imagem foi selecionada de http://www.google.com.br/imgres?q=voto+de+cabresto+durante++a+rep%C3%BAblica+velha&num=10&hl=pt-...
Fernando Morais faz breves citações sobre alguns episódios que conturbaram a estabilidade gozada pelos “barões do café”. As rebeliões tenentistas da década de 1920 e a Coluna Prestes foram eventos que abalaram a Primeira República. Não foram decisivos, mas os atores que levaram Getúlio Vargas ao poder com a chamada Revolução de 1930 requisitaram a participação desses militares... Um estudo complementar mostrará a você que Luís Carlos Prestes não aceitou aliar-se ao pessoal da Aliança Liberal (que havia lançado a candidatura de Vargas à presidência), porém vários antigos tenentistas tornaram-se interventores do Governo Vargas... Isso são outras histórias.
Em 1932 houve a Revolução Constitucionalista, ocasião em que o estado de São Paulo levantou-se militarmente contra o Governo Vargas e sua demora em convocar eleições para uma Assembleia Constituinte para substituir a Lei de 1891 (que vigorava desde a Primeira República)... O livro apresenta a reprodução de uma fotografia em que vemos um grupo de japoneses uniformizados que lutaram pelas tropas paulistas...
Não há como não entrar em alguns detalhes... Após derrotar os paulistas, Vargas convocou as eleições e a Constituição de 1934 passou a vigorar. Ele mesmo foi eleito para a presidência pela Assembleia Constituinte, assim governaria por mais quatro anos. Em novembro de 1935 o presidente dá nova demonstração de habilidade e força ao derrotar a Revolução Comunista e prender várias lideranças, entre elas Luís Carlos Prestes e Olga Benário (que foi enviada à Alemanha Nazista)... Os tempos eram conturbados devido à crise pela qual o Capitalismo estava passando... Havia os que viam na Revolução Comunista uma saída... E havia os que consideravam o Fascismo a única solução... Em 1937 Vargas deu o Golpe do Estado Novo com a justificativa de garantir a “paz à nação”, impôs uma Constituição (a "Polaca") que lhe assegurava amplos poderes, portanto as eleições que deveriam ocorrer no ano seguinte foram canceladas, adversários políticos eram perseguidos implacavelmente, os meios de comunicação passaram a sofrer rígida censura, e a propaganda positiva do presidente e do governo tornou-se escancarada.

Desde 1932 o pessoal da AIB (Ação Integralista Brasileira fundada pelo escritor Plínio Salgado, na imagem ao lado) defendia o Nacionalismo inspirado nos modelos europeus de então. No início seus integrantes até viam em Vargas um potencial modelo político e colaborou com ele para o desmantelamento dos núcleos da ANL (Aliança Nacional Libertadora), que reunia comunistas... Mas em 1938 a AIB promoveu um atentado ao presidente com um ataque à residência oficial (que era o Palácio da Guanabara). O golpe foi frustrado e a polícia política do governo passou a capturar os integralistas... As notícias sobre os seus vínculos com os totalitaristas europeus levaram o governo a adotar medidas contra as colônias de imigrantes europeus e asiáticos no país, notadamente em relação à publicação de jornais e livros nos idiomas estrangeiros. A proibição desse material prejudicava de modo especial o ensino das crianças... Em pouco tempo, até conversar em público utilizando-se da “língua pátria” tornou-se motivo de prisão.
Quando a guerra teve início (1939) Vargas demonstrou neutralidade. Tanto é que mantinha acertos políticos com os Estados Unidos ao mesmo tempo em que flertava com Hitler... O autor cita um episódio de março de 1940 na cidade de Blumenau (Santa Catarina), reconhecida pela colonização alemã, em que o presidente pronunciou que “O Brasil não é inglês nem alemão!”... Mas a Guerra prolongou-se e Vargas via-se pressionado tanto por simpatizantes do Eixo quanto por simpatizantes dos Aliados... Parcela significativa da população passou a exigir que o país declarasse guerra ao Eixo. Após o ataque japonês à Base norte-americana de Pearl Harbor em dezembro de 1941, os Estados Unidos entram em guerra de fato contra o Eixo e as pressões sobre o Brasil cresceram principalmente porque os países do continente condenaram o ataque japonês... A região nordeste tornava-se estratégica para bases militares e aeroportos que serviriam aos aliados. Submarinos alemães atacavam embarcações mercantes brasileiras e tornava-se contraditório permanecer neutro. Em janeiro de 1942 Vargas anunciou o rompimento das relações diplomáticas e comerciais com os países do Eixo...
Formalmente já significava um posicionamento em favor dos Aliados. Os bombardeios a navios brasileiros se intensificaram.
Só mais de um ano depois a Força Expedicionária Brasileira foi criada, e só a partir da segunda metade de 1944 os primeiros efetivos foram enviados para combates na Europa.
Internamente, teve início a guerra aos “súditos do Eixo”... Eles “não podiam ter rádio, carro, dinheiro... Não podiam nem falar”.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/01/coracoes-sujos-de-fernando-morais.html
Leia: Corações Sujos. Companhia das Letras.

Um abraço,
Prof.Gilberto

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