domingo, 15 de janeiro de 2012

"Corações Sujos", de Fernando Morais - Coronel Kikawa - Primeira Parte

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com/2012/01/coracoes-sujos-de-fernando-morais_14.html antes de ler esta postagem:

Junji Kikawa é um dos personagens centrais dos acontecimentos que se desenvolveram em meio à colônia japonesa no Brasil durante a década de 1940. Trata-se de uma figura bem polêmica... Foi no Exército Imperial que ele construiu a base de sua formação. Decidiu-se, por convicção própria, tornar-se tenente-coronel da reserva devido à sua forte miopia, por considerar que apenas os japoneses de constituição física perfeita podiam participar do efetivo militar de seu país.
Como milhares de outros conterrâneos, Kikawa era oriundo de uma pobre família, e já havia tentado as mais diversas atividades para a sobrevivência em sua terra natal... Chegou ao Brasil em 1933 contando 55 anos. Trouxe consigo Fumi (sua mulher), os sete filhos e a mãe viúva. Com ele também vieram alguns companheiros de Exército, os sexagenários Jinsaku Wakiyama (coronel) e Kiyo Yamauchi (capitão), que no início do século XX haviam participado dos conflitos contra os russos em disputa por territórios na Manchúria e Coréia e outros militares (tenentes Seiichi Sato e Azuma Samejima; sargento Nisuke Shigueto; soldado Takeichi Maeda)...
Kikawa exercia significativa liderança sobre os companheiros. Mas ao aportarem no novo território cada um seguiu para uma direção diferente. Kikawa rumou com os seus para a distante Rancharia, localizada a mais de 500 quilômetros de São Paulo. Lá, dedicou-se ao cultivo de algodão. Os registros indicam que manteve-se radicalmente fiel às tradições religiosas e ao imperador. Permaneceu atuante em meio à colônia japonesa e era reconhecido por todos como um homem virtuoso e de excelente caráter.
Depois de algum tempo transferiu-se para a capital, morando nas imediações do Bairro de japoneses na capital (Liberdade). Tornou-se tintureiro e foi eleito presidente da Liga das Tinturarias Japonesas de São Paulo. Em 1942 foi preso por agitações de “ameaças de represálias contra o Brasil”... Livrou-se sem maiores problemas... Kikawa não era dos tipos que apavoram pela estrutura física e aparência (era baixo e idoso). Mas em setembro de 1944 ele retorna à prisão devido aos atentados às plantações de hortelã e de seda... Morais faz referências sobre as mudanças apresentadas em suas fichas policiais (em 1942 apresentara-se como tintureiro de 1,51 m; em 1944 apresentou-se como “tenente-coronel do exército imperial”, de 1,65 m de altura). Assumiu a autoria dos manifestos contra os produtores de hortelã e seda, além disso, revelou às autoridades ser o autor de documentos em que defendia a obediência de toda colônia japonesa ao imperador e o cumprimento do ideal do Yamatodamashii. Ele sofreu a acusação formal de “sabotagem”.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/01/coracoes-sujos-de-fernando-morais_9299.html
Leia: Corações Sujos. Companhia das Letras.

Um abraço,
Prof.Gilberto

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