Li este livro no começo deste ano. Já deveria ter escrito sobre ele... Suas páginas são uma reprodução do diário de Agnès Humbert, historiadora de arte, uma intelectual francesa. O período descrito vai de 1944 a 1950.
O cenário: O norte francês foi ocupado por tropas nazistas
em junho de 1940. O início da segunda guerra, de fato, havia sido marcado por vitórias fulminantes de Hitler... A queda de Paris mostrava que a histórica rivalidade entre franceses e alemães estava sendo vencida pelos nazistas.
À época da invasão nazista, Agnès trabalhava no Museu de Artes e Tradições Populares, em Paris. Enquanto muitos permaneceram apenas resignados, sentindo-se derrotados ao verem as tropas francesas combalidas, alguns franceses lançaram-se à Resistência.
Agnès ouviu em seu rádio o discurso do general francês, Charles De Gaulle, que, da Inglaterra, conclamava os franceses resistirem como pudessem aos invasores alemães. A partir de então, ela começa a escrever em notas de cinco francos Viva De Gaulle... Assim, o dinheiro que repassa leva a mensagem de resistência.
Juntamente com outros intelectuais, alguns do Museu do Homem, anexo ao Museu de Artes, Agnès forma o Résistance. Esse grupo pretende difundir o jornal e organizar tarefas como a colagem de cartazes em logradouros públicos e até em caminhões nazistas. O grupo reúne-se clandestin
amente e almeja contribuir com a formação de tropas que reuniriam-se a De Gaulle, tudo muito ousado, rudimentar e arriscado demais... Tanto que o grupo é descoberto devido a um ato de espionagem.
Todos são presos e julgados. A 23 de fevereiro de 1942 sete de seus companheiros são fuzilados. Até o final da guerra (1945) Agnès permanecerá prisioneira dos nazistas, sendo transferida para diferentes presídios-fábrica para o trabalho forçado.
Os relatos de Agnès detalham os horrores a que são submetidos as prisioneiras de vários países. Não bastassem as péssimas condições a que eram submetidas, ainda eram utilizadas em tarefas altamente tóxicas, com o constante contato com vapores ácidos, na fabricação de sintéticos... Uma loucura. Várias foram as ocasiões em que Agnès torcia para que alguma bomba atingisse a fábrica em que estava para frear a produção da máquina de guerra nazista ao mesmo tempo que acabasse de vez com o sofrimento a que estavam sujeitas. (a imagem acima é de Agnès Humbert)
Mas o derrota foi inevitável para os nazistas... Graças a seu conhecimento da língua alemã, Agnès ainda colaborou com as tropas aliadas para reajustar localidades bombardeadas e atender aos mais necessitados. Além disso, foi de fundamental importância para a captura de lideranças nazistas.
Mais tarde ela retorna ao seu país (junho de 1945) e recusa-se a reassumir seu antigo cargo no Museu de Artes. Agnès fundou o grupo “Combatentes pela liberdade” e presidiu o grupo “As amigas da Paz”. Visitou países do leste europeu, de orientação socialista e realizou diversas exposições. Agnès faleceu em 19 de setembro de 1963.
Um abraço,
Prof.Gilberto
Leia: Resistência – a história de uma mulher que desafiou Hitler. Editora Nova Fronteira.