Hoje é dia 12/outubro... Deveria postar algo referente ao dia das crianças? Até deixei separado uns fragmentos de Anne Frank, mas resolvi que ficam para outra ocasião...
Também gosto deste poema de Rui Ribeiro Couto, (pouco) conhecido escritor modernista.
A leitura e interpretação combinam com os conteúdos referentes à industrialização no Brasil, formação da classe operária, ou mesmo às transformações pelas quais a cidade de São Paulo passou... Os aspectos arquitetônicos e urbanísticos merecem discussões à parte. Notamos a imponência das chaminés das primeiras fábricas; a descrição das casas proletárias, sua simplicidade e o vermelho dos tijolos, que lembram o sofrimento e as lutas operárias do início do século passado... Em contrapartida, os bairros burgueses são apresentados como tranquilos, silenciosos, higiênicos (?)... O comércio e sua agitação são mencionados...
A referência a este poema se torna enriquecedora quando proporcionamos pesquisas sobre imagens daquela época, ou o relacionamos a outros textos... Há um espetacular de Everardo Dias, qualquer dia desses “publicarei” aqui... Há muitos outros “cenários” possíveis. Por hora fica este aí para apreciação.
Poema de Rui Ribeiro Couto, São Paulo, extraído de Documentos de História do Brasil: de Cabral aos anos 90, organizado por Mary Del Priore.
“São Paulo” - 1926
Ó São Paulo enorme, ó São Paulo de hoje,
ó São Paulo ameaçador!
A neblina das manhãs de inverno
amortece um pouco o orgulho triunfante
das tuas chaminés.
A neblina esconde o contorno das grandes
fábricas ao longe, perdidas na planície,
entre o chato casario proletário.
E tudo cor de barro novo, como se fosse
manchado de sangue.
Nas ruas do centro agita-se a pressa
do comércio.
Nos bairros burgueses, no entanto,
há o silêncio.
As alamedas adormecem sob o silêncio.
Os jardins adormecem sob o silêncio.
Um abraço,
Prof.Gilberto
Leia: Documentos de História do Brasil – De Cabral aos anos 90.Editora Scipione.