segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Sobre "A chave do Tamanho", de Monteiro Lobato

Eu sabia que mais cedo ou mais tarde escreveria um texto desses...


Não li Monteiro Lobato na minha infância... Sei de outros colegas que também não “viajaram” em suas páginas... Comecei a ler sobre o sítio e seus personagens por causa das leituras de minha filha... Logo que teve condições de fazer leituras mais densas fizemos sua carteirinha na Biblioteca Belmonte. Foram muitos livros emprestados... Fiquei convencido de que não é difícil ficar encantado com a história deste brasileiro, suas convicções e realizações literárias.


Eu li Hans Staden e achei muito interessante... Uma aula de História sobre a época dos navegantes europeus, o início da colonização do Brasil e, em particular, a região do litoral norte paulista...

Depois li uma biografia (talvez da década de 1950) bem antiga do Lobato e, com ela, conheci melhor o maior escritor para as crianças de nosso país. Nota-se sua admiração e interesse pela Democracia norte-americana. Lobato, que morreu em 1948, escreveu sobre sua expectativa de, no futuro, os Estados Unidos terem um presidente negro...

Passei a respeitar demais o escritor também por causa de sua trajetória política, seu envolvimento com a questão da exploração do petróleo, a carta ao presidente Vargas sobre os especuladores estrangeiros, sua prisão...

O livro que acabei de ler é o A Chave do tamanho, que se inicia com os personagens do Sítio recebendo notícias sobre os terríveis bombardeios a Londres durante a Segunda Guerra. Emília fica tão sensibilizada com a tristeza de dona Benta que decide ir à “Casa das Chaves” para desligar a chave das guerras. Mas a boneca é desastrada e, sem querer, acaba acionando a “chave do tamanho”... Ela se torna diminuta e o mesmo acontece com toda a humanidade.

Mas os animais não se tornaram diminutos, eles permaneceram “tamanhudos”, como a própria Emília diz... Os humanos se tornaram “insetos descascados”, também no dizer Emiliano. É graças ao pó de pirlimpimpim inventado pelo Visconde de Sabugosa que a boneca consegue se deslocar por ambientes e perceber que várias situações complicadas estão ocorrendo para os humanos: os que estavam em automóveis ou aviões, por exemplo, não tiveram a menor chance; muitos foram os que sucumbiram em suas próprias “imensas roupas”; outros tantos acabaram devorados por animais de criação e estimação... Que loucura! O Rabicó mesmo devorou vários humanos diminuídos...

A Emília socorre dois órfãos, experimenta o transporte em insetos e num colibri. Encontra o Visconde e nota que o mesmo não sofreu alterações com a diminuição... Depois de penar para se comunicar com ele e ser resgatada, Emília reencontra o pessoal do Sítio. Segue com o Visconde para várias partes do mundo. Chega à Alemanha e tem um encontro (espetacular!) com Hitler, que não consegue se pronunciar perante a boneca que dá um belo sermão no paranóico ditador. Encontra-se também com o imperador japonês em situação muito desconfortável... Ele também ouve poucas e boas da Emília. Nos Estados Unidos, a boneca e o Visconde percebem um início de civilização diminuta, em torno de um balde estão reorganizando a vida, capturando minhocas para a alimentação (!). A dupla de aventureiros também dá uma mãozinha ao presidente e aos congressistas norte-americanos... Ufa... Fica aí a dica, mas não vou "entregar" o final do livro.

Um abraço,
Prof.Gilberto

Páginas