A beleza está com o povo. A beleza é o povo.
“Ocupação Ilê Aiyê” não deixou de expor cenas do último desfile e sua vibração...
Todos os anos a associação promove a “Noite da Beleza Negra”, momento em que a comunidade elege a rainha do desfile carnavalesco. A escolhida recebe ainda o título de Deusa do Ébano.
Muito significativa foi a exibição (em tela) do encontro de Mirinha Cruz e Jéssica Nascimento, respectivamente primeira rainha (de 1976) e rainha do último ano.
Evidentemente a exposição não poderia deixar de destacar o terreiro de Candomblé do Curuzu, lugar sagrado da religião de todos os membros do Ilê Aiyê.
Depoimentos e imagens de renomados cantores da Música Popular Brasileira e de vários integrantes do Ilê Aiyê colocam em proeminência esse vínculo. Entre eles está Hildelice dos Santos, filha de Dona Hilda.
(...)
Um recorte de “A
Tarde”, de 12 de fevereiro de 1975, deixa claro que o Ilê Aiyê não foi bem
recebido pela “imprensa especializada”. A matéria tece críticas aos “mocinhos
do bloco”, aponta que os mesmos não passavam de uma imitação do movimento negro
norte-americano (referência aos Panteras Negras) ao carregarem cartazes com
inscrições provocativas (“Mundo Negro”; “Black Power”; “Negro para Você”) e
que, ao manterem apenas negros em seu desfile, só podiam ser ridicularizados e
apelidados de “Bloco Racista”.
O jornal refutou a
iniciativa também por considerar que no Brasil “não temos felizmente problema
racial” e que isto “é uma das grandes felicidades do povo brasileiro”.
A título de sugestão,
o texto indicava que esperava que o bloco ressurgisse modificado no próximo
ano. E concluía sua crítica ao garantir que a inconformidade dos integrantes do
bloco estreante se justificava na medida em que pretendiam “somar aos
propósitos da luta de classes o espetáculo da luta de raças”. Todavia, ainda de
acordo com o jornal, ao procederem daquela forma, denunciavam “a origem ideológica
a que estão ligados”.
O recorte apostava
que a iniciativa não tinha a menor chance de dar certo, já que tinha certeza de
que em nossa sociedade a harmonia reina “entre as parcelas provenientes das
diferentes etnias”.
(...)
O texto deixa claro que o Ilê Aiyê estava protestando contra a Igreja
Católica que, através do Cardeal (Don Lucas Moreira Neves), posicionou-se
contrária à celebração de uma missa pelos 20 anos de atividade do bloco.
O recorte destaca a posição oficial do “Grupo Cultural Olodum” e suas
severas críticas à Igreja como “Instituição racista e discriminatória”,
historicamente vinculada à “articulação e manutenção do tráfico e sistema
escravagistas” e última a “apoiar a campanha abolicionista”.
O
Olodum juntou-se ao Ilê Aiyê no protesto e marcou presença em “ato ecumênico no
Pelourinho” com representantes católicos e do candomblé diante da “igreja do
Rosário dos Pretos” que permaneceu de portas fechadas.
Indicação (livre)
Um abraço,
Prof.Gilberto