quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

“Biblioteca à Noite” no Sesc Paulista – O universo das grandes bibliotecas do mundo em realidade virtual - Última Parte; considerações sobre as bibliotecas “visitadas na floresta”

Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2019/01/biblioteca-noite-no-sesc-paulista-o_21.html antes de ler esta postagem:

Conforme o combinado, seguem algumas considerações sobre cada uma das “bibliotecas da floresta” destacadas na exposição “Biblioteca à Noite”.
Evidentemente as sensações experimentadas durante a visita virtual às dez citadas anteriormente são muito mais relevantes do que qualquer informação aqui registrada.

* Biblioteca da Abadia de Admont/Áustria
Somos posicionados no interior da ampla sala, mas não estamos sozinhos...
Alguns monges chegam às prateleiras e isso indica que o acervo ainda é utilizado por eles.
A monumental construção é datada do século XVIII, o “século das luzes”, época em que o Iluminismo possibilitou o desenvolvimento de várias ciências e confrontou a visão de mundo ainda calcada na religiosidade para que o conhecimento se tornasse racional. Nessa biblioteca, a disposição dos livros científicos e os de filosofia se explica a partir daquele contexto... Os beneditinos posicionaram os livros sagrados do cristianismo no centro, e essa posição de destaque mostra que eram eles que deviam nortear as reflexões mais dramáticas da humanidade.
As “quatro últimas coisas” são esculturas presentes na sala principal... Elas representam a Morte, o Juízo Final, o Paraíso e o Inferno... Há reflexões de Manguel para cada uma. Sobre a última delas destaca-se que “inferno”, para o leitor, é uma vida sem livros.

* Templo de Hase-Dera/Japão
Datada do século XVI, essa construção tradicional é marcada pela simplicidade. Monges preservaram as palavras sagradas de Buda em rolos manuscritos. O rinzo é o que mais chama a nossa atenção, pois se trata de uma prateleira que gira ao ter o seu mecanismo acionado pelo visitante... E conforme o rinzo gira, emite sons de sinos que “espantam os maus espíritos”.
Contemplamos o ambiente e o seu acervo... Logo aparecem duas turistas que movimentam o rinzo, registram a “máquina” e o momento em seu aparelho celular. Na sequência se retiram deixando para trás uma atmosfera que conta séculos de espiritualidade.

* Biblioteca do Nautilus/Vinte Mil Léguas Submarinas
Essa só pode ser entendida como resultado das apaixonadas leituras dos livros de Verne... Esse era o caso de Manguel que, como muitos de nós, se sentia atraído pelas ilustrações das obras de ficção. A visita proporcionada pela Ex Machina nos leva ao Nautilus e ao sentimento de fascínio provocado pelos livros acumulados pelo capitão Nemo. Sentimo-nos inseridos na ilustração. Um passeio pela sala permite avistar criaturas marinhas através das escotilhas... Também vemos Aronnax (prisioneiro no Nautilus depois de ter sido resgatado enquanto buscava destruí-lo), que não esconde o seu encantamento pelos livros, e o próprio capitão imerso em reflexões que conhecemos a partir do texto de Manguel.

* Biblioteca Nacional e Universitária/Bósnia e Herzegovina
O prédio data do final do século XIX. Ele sofreu duro bombardeio durante os conflitos da década de 1990 que desencadearam o desmembramento da antiga Iugoslávia... Manguel nos conta que durante vários dias um violoncelista posicionou-se nos degraus da biblioteca, onde tocou o instrumento. A emoção nos contagia ao ouvirmos os acordes de Albinone enquanto as chamas da intolerância ameaçam destruir o local...

* Biblioteca de Alexandria/Egito
Primeiro contemplamos o céu mediterrânico e suas estrelas... Depois ouvimos a explicação sobre a gigantesca biblioteca da antiguidade dos faraós e do helenismo. Os papiros do acervo reuniam o conhecimento acumulado pela humanidade. Embora a narração relacione o centro de estudos ao poder imposto à toda região, não há como não associá-lo ao icônico “farol”.
Também a biblioteca de Alexandria “iluminava os caminhos humanos”, mas como se sabe ela foi destruída pelas chamas. Assistimos ao incêndio e o calor do fogo parece nos atingir. Por fim, ao longe avistamos a nova biblioteca inaugurada no início deste século.

* Biblioteca Vasconcelos/México
Na área exterior, jovens dançarinos se colocam junto à "parede de vidro" que reflete os passos que ensaiam... Isso ocorre quase que diariamente. Mas o que mais chama a nossa atenção logo que entramos é a reprodução de gigantesca ossada pré-histórica suspensa no corredor principal.
A respeito dessa biblioteca, as informações dão conta de que ela foi construída no leito de um lago seco e que seu formato lembra uma “arca moderna onde livros, prateleiras e conhecimento flutuam no espaço, e à qual as pessoas podem se agarrar em caso de terremoto ou dilúvio, afastando as ameaças sísmicas que atormentam a região”.

* Biblioteca real/Dinamarca
Acho que essa é a visita mais tocante...
Vemos a construção e instalações que datam da metade do século XIX. As prateleiras estão repletas de livros que não possuem mais fichas de catalogação/classificação ou tombamento...
Jovens estudantes das Ciências Sociais de Copenhague frequentam o ambiente, todavia há muito aparecem por ali apenas para acessar conteúdos digitais... Eles aproveitam o silêncio local... Ao que parece é só o que desejam do local.
A narração nos leva a entender que a biblioteca se tornou um patrimônio. Isso nos remete à reflexão sobre a sua condição de “embalsamada”. Uma linda biblioteca com “livros mortos” e pertencentes ao passado. Temos vontade de acessá-los!
De repente avistamos fantasmas que percorrem as prateleiras, folheiam alguns volumes e contemplam a nova geração...

* Biblioteca do Parlamento de Ottawa/Canadá
A biblioteca foi concebida no estilo vitoriano e uma estátua da rainha Vitória se destaca no local. O acervo é constituído basicamente de documentos oficiais.
A Ex Machina acertou um pequeno espetáculo para os visitantes. Vemos a bibliotecária apresentando as páginas de um enorme livro (de ornitologia) com as imagens de algumas das principais aves do território canadense. A graça toda está no fato de as coloridas criaturas ganharem vida e invadirem a biblioteca sisuda. Essa festa chega ao fim quando o segurança aparece para alertar que o horário de visitação se expirou.

* Biblioteca Saint-Geneviève/França
Essa biblioteca teve seu prédio construído durante a metade do século XIX, época de significativos avanços industriais que resultaram no conforto que os habitantes das metrópoles experimentaram ao tempo da Belle Époque. A exposição destaca o arrojado desenho do arquiteto Henry Labrouste. A primeira cena a que assistimos é exatamente a do desenho da planta.
Ficamos impressionados como as linhas vão se destacando dos papéis e tomando a forma do prédio real... A narração explica os trabalhos em ferro fundido e a introdução do sistema de iluminação a gás, uma das principais novidades da época.

* Biblioteca do Congresso/Estados Unidos
Trata-se de uma grande biblioteca... A maior do mundo, a mais bem equipada e abastecida de livros, a de maior acervo digitalizado... Os registros apontam muitos superlativos.
Uma das curiosidades sobre a instalação é a impossibilidade de os leitores da principal sala se posicionarem completamente fora do campo de visão do bibliotecário. O funcionário cumpre sua jornada num elevado de localização estratégica, um panóptico.
Outro aspecto destacado pela narração é a cúpula onde figuras aladas representam os povos que historicamente mais contribuíram para a acumulação dos conhecimentos até os nossos dias (egípcios estão no início, na sequência vemos representações dos hebreus, gregos, romanos, islamitas até chegarmos aos modernos alemães, espanhóis, ingleses, franceses e, por fim, os norte-americanos).


Indicação (14 anos)
Um abraço,
Prof.Gilberto

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