Vimos que os guerrilheiros liderados pelo Comissário capturaram os trabalhadores que operavam a serra...
Do outro lado estavam os trabalhadores que golpeavam os troncos a machadas. O grupo liderado pelo Chefe de Operações os vigiava...
Ali todos notaram que a serra havia sido desligada... Os homens, que atuavam aos pares com seus machados, esperaram a queda da árvore. Mas evidentemente não foi isso o que ocorreu, então olharam-se uns aos outros e trocaram sinais.
Os guerrilheiros viram que eles se demoravam a retomar o trabalho e ficaram apreensivos ao ouvirem o mais velho dizer que algum imprevisto devia ter ocorrido, pois o motor tinha parado “à toa”.
No momento em que um dos trabalhadores se dirigiu para o par próximo ao local onde estavam os comandados pelo Chefe de Operações, este tomou a iniciativa de abordá-los.
(...)
O
Chefe de Operações saltou para junto do mais velho deles... Então os demais
largaram os machados e escaparam para o matagal.
Uma parte dos
guerrilheiros perseguiu-os. Mundo Novo correu também e gritou para que não
disparassem suas armas.
Mas o Chefe das Operações
resolveu que era momento de disparar uma rajada contra a folhagem para assustar
os fugitivos. Milagre saltou sobre troncos e aproximou-se de um dos
trabalhadores. Porém o tipo se lançou para o chão e pôs-se a rastejar com a
finalidade de chegar a um regato.
O guerrilheiro carregava uma bazuca e pensou mesmo em atirar para o
alto. Talvez isso fizesse o fugitivo parar... Milagre levou em conta que não
compensava perder um obus tão desnecessariamente.
Então aconteceu que o homem alcançou a curva do regato e desapareceu. Na
fuga, deixou sua faca (catana) para trás. Milagre a pegou e a levou para junto
do grupamento.
Mundo Novo, que também saiu atrás de um
fugitivo, não hesitou a disparar para o alto... O moço parou imediatamente sem
condições de manter-se na carreira, já que suas pernas estavam tremendo muito.
Contando com este, os guerrilheiros comandados pelo Chefe de Operações haviam
feito quatro prisioneiros.
(...)
O Chefe de Operações
quis saber onde estava o buldôzer... O mais velho dos trabalhadores fez um
sinal com a mão indicando a posição do trator. Uma das pernas deste tipo era
torta e Mundo Novo pensou que talvez fosse o resultado de um acidente com a
queda de árvores.
O trabalhador teve de levá-los até o veículo... Andaram pela picada onde
mais a frente estava o Comandante Sem Medo.
(...)
O
português que estava no caminhão parece não ter se incomodado com a interrupção
do trabalho da serra. Estava tranquilo ao volante e acendia um cigarro quando
ouviu a primeira das rajadas. Só neste momento é que pareceu desperto, pois de
modo atabalhoado funcionou o motor e deu início a umas manobras. Pouco mais
adiante passaria pelo Comandante, Lutamos e Teoria.
O Comandante notou
que o homem suava nervosamente. Sem Medo pediu aos camaradas que não
atirassem... Lutamos estava a ponto de fazer um protesto, quando ouviu que
deviam atirar apenas nos pneus.
No
mesmo instante em que Lutamos disparou, ouviu-se a rajada de Mundo Novo para
fazer parar o jovem trabalhador que fugia da guerrilha.
Um dos pneus do
caminhão estourou, mas o veículo continuou a rodar, pois o português acelerava
fundo.
(...)
Lutamos perguntou ao
Sem Medo por que não atiraram contra o tuga... O Comandante respondeu-lhe que o
tipo era civil.
Teoria perguntou sobre o buldôzer... Então os três se dirigiram para o
local onde devia estar o trator.
No caminho toparam com o Chefe de Operações e seus liderados. Ele quis
saber se haviam deixado o “nguêta” escapar.
Mal
humorado, Sem Medo respondeu que sim e que ainda lhe deram “uma Guia de Marcha”
(numa referência aos disparos que furaram o pneu do caminhão, algo que
certamente seria relatado no quartel).
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2018/06/mayombe-de-pepetela-destruindo-o-trator.html
Leia: Mayombe. Editora Leya.
Um abraço,
Prof.Gilberto