sexta-feira, 25 de julho de 2014

“Os Mandarins”, de Simone de Beauvoir – uma tempestade se aproxima; Nadine retira-se para Paris; Lambert desabafa com Anne; sobre Diego e Rosa; relatos contraditórios

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/07/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir-anne.html antes de ler esta postagem:

A tempestade se aproximava...
Nadine fez questão de mostrar que estava irritada. Estava claro que o casal não se entendia e que os pontos de vista de um e os da outra pareciam não ter vínculo algum. Mas ficou evidente que a discussão a respeito do livro que Lambert lia era apenas um pretexto para extravasarem o sentimento de insegurança que amargavam.
(...)
Entediada, Nadine pediu a chave da máquina garantindo que poderia passear sozinha de moto pela floresta. Lambert respondeu que não permitiria porque, além de ela não saber pilotar, a região poderia ficar muito perigosa por causa da chuva que cairia.
A briga começou... Nadine gritou que estava claro que ele não se importava com a sua segurança e que, mais que isso, egoísta como era, não queria “dividir a motocicleta”... Exigiu a chave, mas Lambert nada disse. A moça jogou o cesto para Anne ao mesmo tempo em que sentenciava que o ambiente estava muito desagradável por ali e, assim sendo, o melhor que tinha a fazer era passar o dia em Paris...
Ficou claro que o desfecho era pesado demais para Lambert. Ele sabia que a namorada se encontraria com amigos que ele não aprovava... Tinha certeza de que ela se ofereceria a eles.
(...)
A moça se retirou... Então Lambert principiou um desabafo com Anne... Ele procurou se justificar ao dizer que Nadine podia levar mais em consideração os seus sentimentos... Anne o consolou dando a entender que sua filha era a culpada, já que “por um nada” se irritava.
Anne observou o moço, analisou os seus gestos e concluiu o quanto ele parecia indefeso... Então ela falou-lhe sobre o passado de Nadine... A explicação podia estar na infância da garota... Na sequência tratou de seu relacionamento com Diego... Neste ponto da conversa, Lambert quis saber das qualidades do jovem que Nadine conheceu tão bem, sua inteligência e sensibilidade poética... Anne garantiu que a filha não é dada a admirar aqueles que a amam. Em vez disso, para ela, o que conta é a certeza de exercer posse sobre eles.
Lambert falou com convicção que amava Nadine... Anne argumentou que talvez ela não estivesse tão segura a este respeito... Talvez se sentisse comparada à Rosa... O moço rebateu aquela hipótese declarando que o seu sentimento por Nadine era muito maior do que havia cultivado por Rosa.
Anne o fez refletir sobre a necessidade de Nadine ouvir dele aquelas afirmações... Lambert disse que aquelas coisas eram indizíveis e que o mais natural seria Nadine perceber, até porque ela sabia que o último ano de sua existência havia sido de total devoção a ela... Anne quis que ele entendesse que, para a sua filha, aquilo podia não passar de mera camaradagem.
(...)
Por incrível que pareça, Lambert argumentou que a namorada sempre demonstrava insatisfação durante as noites em que nada de “mais quente” se passava entre eles... Recordando-se da conversa com Nadine, Anne perguntou ao moço se era assim mesmo, se era Nadine quem se oferecia e exigia os “contatos mais quentes”.
Lambert confirmou o assédio de Nadine... A contradição entre o que cada um dizia era evidente... Anne tentou esclarecer que Nadine era mal resolvida em relação à sua feminilidade (falou sobre “sensação de mutilação”) e sugeriu que Lambert se esforçasse por se tornar mais paciente.
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.
Um abraço,
Prof.Gilberto

Páginas