O diretor Cardoso passou a palavra ao Miguel... Inicialmente ele fez agradecimentos ao detetive Andrade, digno de ser chamado de herói por ter resolvido o misterioso caso que tanto sofrimento trouxe às famílias dos estudantes...
É certo que Andrade conhecia Miguel há pouco tempo, mesmo assim ele sabia que o discurso que ouvia não combinava com o garoto identificado mais com a ação do que com palavras caretas... No entanto, Miguel prosseguiu dizendo que se sentia honrado e que a sala da diretoria era minúscula para acolher todos os que deveriam prestar-lhe homenagens...
O policial ficou sem jeito ao ouvir que toda a humanidade tinha motivos para agradecer-lhe porque a Droga da Obediência era muito perigosa e que “a vida inteligente do planeta” sofrera séria ameaça por causa do tenebroso Doutor Q.I. e sua “Pain Control”.
Miguel não foi interrompido em sua fala, embora o detetive pudesse intervir deixando claro que ainda investia na captura do bandido... O discurso alertava sobre o perigo que todos ainda conheciam, pois era certo (e Miguel fez questão de dizer que sabia disso) que o Doutor Q.I. voltaria a atacar.
O garoto transformou a homenagem em desabafo...
Miguel esclareceu que durante o tempo que permanecera na “Pain Control” teve chance de conversar com o chefe daquela loucura... É claro que não podia descrevê-lo, já que tudo o que via através da tela era a silhueta... O tipo se escondia na sombra... E nem mesmo a voz podia ser definida com clareza porque o som passava pela filtragem eletrônica que a transformava completamente...
(...)
As
considerações de Miguel provocaram suspense... Na sequência ele disse que se o
Doutor Q.I. estivesse ali diria que seria preciso olhar o outro lado da questão
e que as coisas são relativas... Tinha certeza disso, pois o pensamento não é
algo que se consegue esconder como o rosto ou a verdadeira voz...
Como
que para sustentar suas argumentações naquilo que se iniciou como discurso em
homenagem ao Andrade, Miguel se dirigiu ao diretor e perguntou se ele se
lembrava da ocasião em que falavam sobre o desaparecimento do Bronca e sobre
sua iniciativa de manter o fato em segredo para que os demais estudantes não se
apavorassem... Cardoso respondeu que apenas vagamente se lembrava do que havia
dito ao rapaz... Miguel garantiu que não havia se esquecido do que tinha ouvido
dele ali mesmo naquela sala. Então rememorou e foi anunciando uma a uma as
ponderações que o professor fizera na oportunidade...
Chumbinho,
Magrí, Calu, Crânio e o detetive Andrade continuavam a prestar atenção e assim
ouviram Miguel falar que Cardoso dissera que ele era ainda muito jovem, que “só
olhava as coisas de um lado”, que “deveria aprender que as coisas são
relativas” e que “a verdade tem várias facetas”...
O
diretor demonstrou irritação e perguntou se o rapaz estava querendo fazer
alguma brincadeira... Miguel garantiu que não estava brincando e perguntou se
não poderia chamá-lo de Doutor Q.I.
(...)
O professor Cardoso tornou-se pálido e se dirigiu para
a sua mesa... Enquanto se afastava perguntou ao policial se ele fazia parte do
jogo tramado por Miguel... Andrade respondeu que não sabia de nada, mas estava
se acostumando às “estripulias” dos garotos, então estava levando tudo muito a
sério.
O diretor se irritou
profundamente... Esbravejou que não admitia acusação nenhuma, pois dirigia uma
instituição pautada pela democracia, um colégio liberal... Miguel deixou claro
que aquilo era um disfarce perfeito, pois ninguém desconfiaria que o
respeitável diretor do Elite estivesse por trás da experiência macabra e do
“plano demente” de conquista da humanidade.
Cardoso queria partir para cima do menino... Mas
ao mesmo tempo em que gritava que não devia ter confiado nele e que devia tê-lo
matado por ter destruído a “salvação da humanidade”, estava sendo dominado e arrastado
pelo detetive Andrade para fora.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/07/a-droga-da-obediencia-de-pedro-bandeira_21.html
Leia: A droga da obediência. Editora Moderna.
Um abraço,
Prof.Gilberto