A aventura chegou ao fim... Finalmente o mistério foi desvendado... O Doutor Q.I. era ninguém menos que o diretor do Elite.
A Interpol fez o resto... A “Pain Control” foi investigada e os seguidores do Doutor Q.I. também foram parar atrás das grades...
(...)
Os “karas” marcaram encontro
com o detetive Andrade no Jardim Zoológico... Foi Miguel quem pediu discrição.
É por isso que ninguém cogitaria que o tipo de camisa esporte cercado pelos
cinco garotos fosse um policial...
Andrade explicou a eles que a Interpol descobriu a
sala de onde o chefe dos bandidos comandava tudo na fábrica... O acesso ao
intercomunicador se dava por uma passagem na própria diretoria da escola.
A empresa possuía acionistas no mundo inteiro... O próprio Doutor Q.I.
controlava a agência de advogados que obteve a procuração para representar
todos os associados... Na prática isso
significa que ele controlava tudo e a
todos... Andrade não pôde deixar de manifestar que aquele era um dos tipos mais
brilhantes que já conhecera.
Umas vinte pessoas na “Pain Control” sabiam das
experiências com a Droga da Obediência, dos sequestros e assassinatos... Isso
incluía o próprio Doutor Q.I. e o detetive Rubens... A maioria dos funcionários
não tinha a menor ideia do que ocorria enquanto trabalhavam com medicamentos
comuns... Processos estavam sendo encaminhados e certamente haveria gente
graúda condenada.
Andrade também contou sobre o Bino e o modo como ele procedia... O plano
era bem simples, pois tudo o que os bandidos tinham a fazer era conseguir uma
vaga para o garoto numa escola enquanto que os “documentos fossem liberados
pela escola anterior”... Endereço falso era fornecido e aguardavam o tempo
necessário para agir e “transferirem” o menino para outro estabelecimento...
Bino teve esse nome no Elite, mas em outros colégios ficou conhecido por nomes
diferentes. O Juizado de Menores é que definiria o destino do pequeno bandido.
Crânio quis saber qual era o verdadeiro nome do Doutor Q.I., então
Andrade explicou que ninguém sabia e ele mesmo se recusava a falar... Apesar da
dificuldade em se obter fichas criminais contra ele em outras partes do mundo,
sua situação já estava muito complicada... Chumbinho emendou que após a prisão do
diretor as coisas mudaram muito no Elite, pois a Associação de pais e
professores assumiu a gestão escolar.
Magrí ajudou a explicar que a situação na escola praticamente não havia
mudado tanto assim porque, na prática, o democrático conselho de professores e
alunos é que tomava as decisões finais... Crânio fez todos notarem que, ao
mesmo tempo em que o Doutor Q.I. havia criado mecanismos democráticos na escola,
construía uma realidade tirânica na “Pain Control”. Andrade se dirigiu a Miguel
e concluiu que o bandido “sabia olhar as coisas pelos dois lados”...
(...)
À noite Miguel assistia um debate transmitido pela televisão... Gente
ligada à Educação, psicólogos e outros tipos conversavam com o detetive
Andrade... Não cansavam de agradecer-lhe e de elogiá-lo... É claro que o policial
procurava demonstrar modéstia e se esquivava das manifestações lisonjeiras.
Miguel refletia sobre como
havia errado ao pensar mal do policial desajeitado enquanto sentia confiança no
simpático e bem vestido Rubens, um criminoso... E em relação ao Chumbinho?
Avaliado como “fedelho intrometido”... Justo o pequeno que havia demonstrado
heroísmo em suas ações sem nunca fraquejar... Os “karas” deviam demais ao
Chumbinho.
O debate na televisão
continuava... Miguel refletia sobre as falhas que cometera... Sua liderança era
no mínimo questionável... Foi por causa dele que Chumbinho se metera em
confusão das mais pesadas... E nem sequer conseguiu decifrar satisfatoriamente a
mensagem do garoto!
(...)
Alguém da mesa de debatedores disse que os efeitos da Droga da Obediência
poderiam ser bons... Um outro emendou que não era só porque a energia atômica serviu
para a destruição que ela deve ser totalmente condenável...
Miguel lembrou-se do Doutor
Q.I. tentando convencê-lo a participar de sua equipe de lideranças ilustres...
Mas será que o bandido tinha razão ao afirmar que também ele não passava de um
pequeno tirano em sua militância estudantil?
(...)
Líder incapaz... Autoritário... Uma lágrima molhou o seu
rosto... Era preciso por um fim aos “karas”.
Aquelas palavras pareceram selar a decisão de Miguel... Não era possível
que depois de tanto sacrifício ainda teria de aguentar aquele tipo de juízo. Um
clique no controle remoto colocou fim às palavras equivocadas da “gente
importante” da sociedade...
O debate seguia cada vez mais quente... Uma personalidade garantia em
tom de conclusão que a Droga da Obediência era benéfica como ”todas as
descobertas”... A crise de autoridade vivenciada pela sociedade poderia ser
resolvida por uma droga como aquela.
Em seus pensamentos a certeza se definiu: Não
era correto dissolver o grupo... Havia muito a ser feito... A luta dos “karas” deveria
continuar.
Leia: A droga da obediência. Editora Moderna.
Um abraço,
Prof.Gilberto