Miguel sentiu que devia mesmo acabar de despertar os estudantes que saiam do estado de entorpecimento... Foi deixando claro que eles haviam sido sequestrados por uma quadrilha sinistra e perigosa... Falou que ficaram sob o efeito da Droga da Obediência por várias semanas e que era por isso que estavam naquele estado letárgico.
Os funcionários ameaçaram atirar em Miguel se ele não parasse de falar... Mas nem ele se sentia intimidado nem os tipos demonstravam coragem para uma atitude mais radical... O intercomunicador do ginásio voltou a transmitir a voz distorcida do Doutor Q.I. que, ao focalizar novamente o recinto, ficou estarrecido quando notou que o garoto estava mantendo uma palestra com as cobaias... Os meninos e as meninas se entreolhavam e pareciam que aos poucos começavam a entender o que tinha ocorrido.
O Doutor Q.I. exigiu que os dois empregados calassem a boca de Miguel... Mas era tarde demais porque eles já estavam sendo sufocados pela fúria dos dezessete jovens estudantes, que conseguiram subtrair-lhes as armas de fogo... Imobilizados, os tipos nada mais podiam fazer.
(...)
Raivosamente, mas também em tom de apelo, o Doutor
Q.I. se dirigiu a Miguel... Disse que ele não sabia o que estava fazendo...
Argumentou que o maior sonho da humanidade estava sendo destruído por ele... A
obediência absoluta era algo sonhado por séculos... As experiências já haviam adiantado
muitas conclusões e, também por isso, a atitude de Miguel representava a “destruição
do futuro”.
Miguel respondeu que fazia o contrário... Em sua opinião, estava salvando
o futuro, pois destruía o louco sonho de um paranoico que desejava dominar a
humanidade... E completou garantindo que são a capacidade de criticar e de
desobedecer que fazem as pessoas se tornarem humanas no sentido mais pleno.
(...)
A raivosa discussão chegou ao fim. O Doutor Q.I. disse
que o rapaz poderia ter se juntado ao projeto... Miguel respondeu que a
realidade de mundo que imaginava não tinha lugar para pessoas como o vilão.
Não houve prosseguimento porque repentinamente a tela se apagou, e dessa
maneira a voz distorcida foi silenciada.
Das imediações da “Pain Control” ouviam-se sirenes escandalosas... Eram
viaturas do corpo de bombeiros.
(...)
Os bandidos foram surpreendidos bem no instante em que derrubavam a
pesada porta do laboratório. Os bombeiros quiseram saber o que estava ocorrendo
e tudo o que conseguiram detectar foi a agressiva reação dos tipos que
apontavam armas contra eles.
Os disparos só não foram efetuados porque de um momento para outro todas
as luzes se apagaram. Não se via nada... Os funcionários se desesperaram e
começaram a implorar por alguma ordem do patrão.
Em meio ao caos que se
estabeleceu a voz do Doutor Q.I. anunciou que não havia mais o que fazer.
Estavam derrotados e que o melhor era se renderem. Acostumados a obedecer, os
empregados largaram as armas no chão.
(...)
As luzes voltaram a
se acender. O detetive Andrade assumiu o controle e, de revólver em punho,
exigiu que os bandidos levassem as mãos à cabeça... Magrí, Calu e Crânio
tomaram posse das armas dos bandidos.
É claro que os bombeiros que haviam chegado
estavam impressionados com o que presenciaram e quiseram saber o que estava
ocorrendo... Andrade identificou-se, esclareceu que o alarme de incêndio era
falso, e pediu que os ajudassem a prender os criminosos.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/07/a-droga-da-obediencia-de-pedro-bandeira_16.html
Leia: A droga da obediência. Editora Moderna.
Um abraço,
Prof.Gilberto