Aquele que se apresentou como devotado a Psique (e à sua tortuosa jornada) explicou que não seria fácil dirigir-se a Afrodite para obter a sua confiança. Várias “batalhas” deveriam ser travadas. Apesar disso, garantiu que ela contaria com os dons da Sensibilidade, Política e Força, concedidos por ele.
(...)
Não era pouco o que ele oferecia. Inclusive o homem fez questão de
lembrar que há muito tempo Zeus havia mandado uma caixa com os dons ao irmão de
Prometeu... Mas aconteceu que Pandora (a primeira mulher humana), que tinha a
responsabilidade de entregar a caixa, encheu-se de curiosidade e não conseguiu
evitar bisbilhotar o seu conteúdo... Foi assim que os dons escaparam e na caixa
restou apenas a Esperança... Aqueles dons que Psique estava recebendo foram
recuperados pelo tipo que se dizia seu protetor.
Ele comparou Psique a
Pandora ao dizer que sua curiosidade a colocara naquele apuro... E a alertou que
novas situações exigiriam que ela mantivesse o controle...
(...)
Psique estava agradecida. Viu que o homem só tinha
boas intenções. Ela quis saber o seu nome, mas ele respondeu que até para isso
haveria momento adequado.
Uma espessa névoa cercou-os... Psique viu que o tipo desaparecia aos
poucos... Ela começou a sentir uma pesada sonolência...
Deitou-se e “dormiu profundamente”.
(...)
A manhã do dia seguinte foi de espanto para os habitantes do palácio do
pai de Psique... Os serviçais foram surpreendidos ao se depararem com uma jovem
desfalecida no gramado... Logo perceberam que se tratava de Psique.
O rei ordenou que a acomodassem em seu quarto. Mas por mais que se tentasse
reanimá-la, ela não reagia... O próprio médico da corte garantiu que seu estado
era muito grave. Psique estava ardendo de febre e balbuciava palavras que
soavam estranhas para os que a cercavam... Dizia que o deus do Amor a havia
abandonado e que lutaria para reconquistá-lo, pois sabia que ele havia se
espetado com a própria flecha e, por isso, também a amava.
(...)
Téssora e Magnetes ficaram atentas àquelas palavras... Concluíram que
Psique havia sido abandonada pelo esposo depois da conversa que tiveram com ela...
E mais! Souberam que o marido da caçula era o próprio deus do Amor...
Nenhuma piedade brotou de seus corações... Pelo contrário! Elas
entenderam que a situação era-lhes totalmente favorável. Achavam que podiam ser
escolhidas por Eros em substituição a Psique... Então se encheram de ânimo ao
pensarem em como seria bom viver no encantador palácio junto ao deus do Amor...
(...)
Como tinham sido eficientes
ao enganarem Psique, Magnetes e Téssora estavam eufóricas com o resultado que
se descortinava...
Téssora ainda
encontrou disposição para manifestar seus protestos contra os mimos dos pais ao
receberem Psique... Lembrou que quando elas foram dispensadas pelos maridos
foram recepcionadas com muita frieza em seu retorno... Mais uma vez Magnetes
concordou plenamente com sua irmã mais velha.
Em sua lógica, se a previsão de se tornarem esposas de Eros se
confirmasse, os parentes seriam mais atenciosos e carinhosos com elas... Foi
Magnetes quem lembrou que teriam de conseguir que o deus do Amor se apaixonasse
por elas e, sendo assim, de alguma maneira deveriam seduzi-lo.
Téssora refletiu sobre isso e respondeu que
deviam proceder do mesmo modo como teria ocorrido com Psique... Sua sugestão
foi a de se apossarem de uma das flechas do deus e usá-la para atingir o seu
peito... Não haveria dúvidas de que ele se apaixonaria instantaneamente por
elas.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/01/eros-e-psique-partir-de-texto-de-joao_25.html
Leia: Eros e Psique. Coleção Mitológica. Editora Paulus.
Um abraço,
Prof.Gilberto