Zéfiro teve de esperar que Téssora e Magnetes se livrassem das lágrimas derramadas pelo desfecho de seus casamentos. Elas também demoraram muito a definir as roupas que usariam para a ocasião especial... Estavam muito interessadas em saber o que havia acontecido a Psique, e a visita ao seu castelo era oportuna.
(...)
As duas “ficaram encantadas ao ver de perto o lar dos deuses e invejaram
a irmã caçula por ter se casado com um imortal”... Psique recebeu-as com
sincera emoção e deu-lhes forte abraço... Porém suas irmãs não retribuíram com
a mesma felicidade o acolhimento que receberam...
Psique quis saber de Zéfiro
se a viagem havia sido boa... Ele respondeu que havia sido agradável, pois as Téssora
e Magnetes riam à toa... O deus do Vento se retirou dizendo que tinha um
compromisso no século XXI (zunir as velas de uma regata olímpica em que Torben
Grael competiria)... Justificou que “até Poseidon torce para o seu veleiro”, e
completou dizendo que “afinal de contas,
os deuses são brasileiros”.
(...)
Depois que Zéfiro se foi, Téssora fez críticas ao seu
modo de ser, “um chato que só fala em rimas e não para de contar piadas”...
Magnetes concordou e emendou que, além de tudo, não passava de um mentiroso que
garantia que “o planeta é redondo, que um dia o homem caminhará na Lua, que a
China será uma potência econômica e que a seleção grega de futebol vai vencer a
Eurocopa de 2004”...
Psique não deu importância à maledicência das irmãs, pediu que entrassem
e se sentissem à vontade... Magnetes logo protestou dizendo que não via nada...
De repente a moça esbarrou em algo e Psique esclareceu tratar-se de um banco de
ouro. Explicou também que no começo foi difícil para ela se acostumar com a
situação, mas depois de dois anos já sabia onde se encontravam todos os móveis.
Magnetes quis saber como a irmã podia garantir que o banco
era de ouro se ela mesma nada enxergava. Psique respondeu que confiava nas
palavras de seus empregados, com os quais sempre conversava.
Magnetes esclareceu que não podia ver nenhum criado por ali e se
espantou quando um deles se aproximou de seu ouvido para saudá-la. Téssora
disse que Psique não podia tirar nenhuma vantagem em possuir criados invisíveis,
pois eles “só servem para serem mostrados”. As duas também estavam incomodadas
com o fato de os serviçais invisíveis serem “tagarelas”... Foi com
agressividade que pediram que eles se retirassem dali...
Os criados comentaram entre si que não gostaram das duas... Notaram que
suas atitudes justificavam o fato de o patrão pensar muito em autorizar a
visita. Téssora ouviu-os e disse para Psique que eles só podiam estar
cochichando e fazendo fofocas sobre elas. Sugeriu que ela os colocasse em seu
devido lugar.
Psique quis saber se Téssora agia daquela forma em seu castelo. Magnetes
e Téssora nada falaram sobre isso, então a caçula percebeu que alguma coisa de
errado havia ocorrido a elas e resolveu perguntar sobre como estava o casamento
de ambas.
Foi Magnetes quem respondeu
que não eram mais casadas. Téssora mentiu ao dizer que os dois príncipes não
eram dignos, pois se empobreceram e as duas foram devolvidas para a casa do pai...
Psique imaginou que elas estivessem bem tristes por causa disso... Magnetes também
mentiu ao dizer que não sentiam tristeza, pois os dois eram inimigos do reino.
Psique não podia
acreditar naquelas palavras... Téssora explicou-lhe que depois que os maridos
ficaram pobres acusaram-nas de sabotagem, “cancelaram o casamento”,
devolveram-nas e declararam guerra ao país.
Psique entendeu que uma grande injustiça havia sido cometida contra as
irmãs... Téssora completou sua maldade afirmando que o sofrimento da caçula
deveria ser muito maior do que a situação delas, já que podia notar que Psique
estava vivendo como prisioneira “naquela montanha mágica”.
Mas Psique respondeu que se
considerava “a mulher mais feliz e mais amada do Céu e da Terra”. Magnetes
rebateu essas afirmações dizendo que a irmã era incoerente porque na verdade
vivia com um monstro...
Ela respondeu que o esposo era um semideus bom e
generoso, fazia tudo para agradá-la e não deixava nada faltar-lhe. As irmãs
viram que Psique amava o marido por mais deficiências que ele pudesse ter, pois
suas gentilezas superavam qualquer situação desfavorável.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/01/eros-e-psique-partir-de-texto-de-joao_16.html
Leia: Eros e Psique. Coleção Mitológica. Editora Paulus.
Um abraço,
Prof.Gilberto