terça-feira, 21 de janeiro de 2014

“Eros e Psique” – a partir de texto de João Pedro Roriz – Eros mandou Psique embora; "sentimento que não é cultivado chega ao fim"; afinal, o que é Amor?; Psique deixou o castelo para trás e partiu para a morte; no estranho caminho há um homem grisalho

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/01/eros-e-psique-partir-de-texto-de-joao_19.html antes de ler esta postagem:

Psique estremeceu... Notou que havia cometido um grande erro e que a conversa com Eros estava resultando em desfecho dramático para ela.
Eros decidiu que ela não podia mais viver ali... Retornaria ao castelo dos pais e aos conselhos das irmãs.
(...)
Percebendo que havia cometido grande injustiça com o marido, Psique implorou para que não tomasse tão radical medida... Disse que aprendeu a amá-lo e que sabia que ele também nutria sentimentos sinceros por ela, já que havia se ferido com a própria flecha.
Eros explicou que o sentimento não cultivado chega ao fim... Revelou que adoeceria por causa daquele trauma, mas chegaria o momento em que essa dor não mais incomodaria. Ele saberia cicatrizar a ferida e impedir que outras se abrissem... Seria um exercício de convivência com a dor.
(...)
A conversa prosseguiu assim... Psique tentando dissuadi-lo, e Eros sentenciando que ela não sabia o que é o Amor... Até porque ele não espetou nenhuma de suas flechas enquanto ela viveu no palácio.
Psique pensou sobre esse juízo...
Quer dizer que ela não sabia o que é o Amor?
Certamente foi com um “nó no peito” que ela desabafou suas indagações a respeito desse sentimento:


Amor? Um fogo que queima por dentro, um desejo sem igual de ser a simbiose de dois corpos? Sentir a respiração de seu amado ofegante como se fosse a sua própria? Ouvir o coração do amado bater com força contra o seu peito? Querer construir um futuro em conjunto para vibrar com as pequenas magias do presente e lembrar-se com saudade do romântico passado? Encontrar forças para suplantar todas as dificuldades? Isso é o Amor?

Eros nada falou... Então Psique prosseguiu dizendo que seu sentimento por ele não era resultado de “flechadas divinas”... Não foi algo introjetado por ele nem por qualquer outro deus... Seu sentimento era vivo, pois estava entranhado em seu peito e resultava em manifestações de carinho e desejos de bem querer a ele... Sim, Psique estava afirmando que a sua consideração por Eros era de esposa para com o marido, e não a de uma devota para com a imortal divindade jamais acessível.
Eros se emocionou, mas a sua reação foi sair voando pela janela... Psique permaneceu chorando no quarto que ardia em chamas. Os criados egípcios apareceram para conter o fogo e ajudá-la... Ela decidiu retirar-se para a escuridão da noite. Queria encontrar Zéfiro, porém não obtinha resposta ao seu chamamento.
(...)
Completamente só no escaldante deserto caminhou sem rumo até chegar à beira de um precipício...  Sentiu vontade de lançar-se para a morte, mas foi contida por uma misteriosa e grave voz masculina. Ela procurou, mas não viu ninguém nas imediações... A certa distância notou que um homem já grisalho caminhava em sua direção.
O tipo disse que se tratava de alguém que, diuturnamente, cuidava dela... Psique falou que não o conhecia e que, assim, não poderia tratar-se de um amigo. O outro esclareceu que aquilo pouco importava e perguntou por que ela estava indo em direção à morte... Ela respondeu que estava muito triste porque o marido a mandara embora do palácio.
Leia: Eros e Psique. Coleção Mitológica. Editora Paulus.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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