quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Filme: Nós que aqui estamos por vós esperamos

Vimos esse filme em 1999 no Espaço Unibanco...

Indicação (12 anos)

O filme de Marcelo Masagão apresenta várias imagens do século XX. Mostra uma memória do “breve século XX” através de vários filmes produzidos no século passado. É possível perceber isso logo na abertura. O título leva-nos a pensar um pouco sobre as realizações da humanidade... E sobre as nossas realizações durante a vida. Seu conteúdo destaca “personagens importantes e grandes histórias”, mas podemos notar que as pessoas que “não entram para a História” também são muito importantes e merecem tanto destaque quanto os “grandes líderes”... O fim de todos é amargo: a morte.

Parece mesmo que estão “do outro lado” esperando por nós.

Uma primeira observação pode levar-nos a crer que a sequência do filme é apenas uma “colcha de retalhos” sobre diversos acontecimentos e existências, mas é possível entender que há uma “ordem”. São apresentadas produções artísticas, científicas, industrial, nos transportes, nas comunicações, na construção civil... É um recorte, como não poderia deixar de ser... Não é o todo. Podemos afirmar isso porque tratar de “tudo sobre tudo” o que foi realizado pelas sociedades humanas em um filme de uma hora e meia é impossível.

“Nós que aqui estamos...” apresenta sequências interessantes. Ele começa com a apresentação do bailarino Nijinski, morto em 1912. A frase “no dia seguinte o balé já não era clássico” ressalta a importância desse artista e nos remete àquele princípio de século.

As cenas e frases seguintes fazem novas referências à arte: “Os quadros já eram Picasso”; às mudanças nos transportes: “A cidade já não cheirava à cavalo. Pelo túnel, o metrô”; à Psicanálise: “Os sonhos já eram interpretados”.

Apareceram imagens de Freud... E de Einstein...

As “pessoas comuns” muito fizeram no século passado. Na tela surge um texto detalhando a produção do Ford modelo “T”, o número de operários envolvidos, o seu cotidiano na fábrica e nos fins de semana... Uma cena de piquenique. Nota-se a intensa exploração dos trabalhadores; seus salários eram baixos e não podiam adquirir o bem que produziam... Foi um começo difícil, não havia informatização ou robôs, os operários esforçavam-se muito...

A empresa cresceu, prosperou, permaneceu... No filme é retratado um pouco da vida do desconhecido operário Alex Anderson (1882...1919).

O sonho de dominar a natureza sempre inquietou o homem e, no começo do século passado, algumas desventuras certamente ocorreram nas suas tentativas de dominar o espaço. Foi o caso do alfaiate M. Reisfeldt, morto em 1911 depois de lançar-se da torre Eiffel para o seu vôo. As imagens apresentadas são impressionantes, tão extraordinárias como as que mostraram ao mundo a explosão da Challenger em 1986, quando o homem prosseguia em suas tentativas de dominar a natureza. Na seqüência dessas imagens temos uma longa frase de Freud.

É possível perceber também como as várias guerras do século passado abalaram o mundo e as sociedades... A morte... Os traumas provocados por armas de guerra... Imagens distorcidas de ditadores aparecem... Paranóia!

A família Jones, norte-americana, é revelada. Os homens da família participaram e morreram nas guerras em que o seu país se envolveu: Primeira Guerra Mundial, Segunda Guerra Mundial, Guerra do Vietnã, ... Guerra do Golfo.

São apresentadas as mudanças no comportamento feminino... Sua individualidade... O desprezo nas tarefas do lar... A convocação para o trabalho na indústria bélica... O desemprego, o tratamento desigual. Não há como um filme como esse não destacar as lutas dos trabalhadores e trabalhadoras por melhores condições de vida e trabalho, ou a vida moldada pelo “estilo norte-americano de viver”, colocada em questão quando verificamos que muitos se opuseram ao consumismo... O movimento hippie...

Os cotidianos das pessoas comuns de países socialistas também são retratados...

“Imagens brasileiras”: Extração do ouro em Serra Pelada no Pará; dribles de Mané Garrincha intercalados com as imagens do ator dançarino Fred Astaire.

E a sede que os homens têm de Deus? Ao final do filme... Várias manifestações religiosas... Várias tentativas de (re)ligar o Homem a Deus.

Um abraço,

Prof.Gilberto

Páginas