sábado, 11 de setembro de 2010

Os números - História de uma grande invenção

Li recentemente e gostei muito.



De fato, gostei muito desse livro. Confesso que é o primeiro que leio nesse gênero. Nunca li um Malba Tahan na íntegra, apenas trechos. Já li muitos exercícios de lógica e é claro que eles nos prendem a atenção. Gosto dos desafios matemáticos desde a adolescência. Então, posso dizer que essa temática também me atrai.
O livro do Ifrah peguei emprestado na biblioteca do Casais. Trata-se de um material destinado a professores de matemática, daí a estranheza manifestada por alguns alunos e colegas. Mas o texto é muito interessante e revela a História da invenção dos números de modo bem didático. O autor apresenta várias fontes históricas que acabam comprovando as ideias expostas. Posso dizer que aprendi muito sobre como as contagens são anteriores aos números, como elas se definiram a partir da relação entre espécies contadas e determinados registros, que podiam ser talhos em ossos, madeiras ou paredes de cavernas, ou ainda com um ajuntamento de pequenas pedras... Aliás, a palavra cálculo vem de “pedra”... Não é por acaso que “cálculo” no rim é popularmente chamado de “pedra”. Ah, eu sei que isso não é novidade para vários de vocês.
O livro inteiro é uma aula sobre essas situações antigas (relacionadas às contagens proporcionadas pelo cotidiano de camponeses simples, por transações comerciais da antiguidade e período medieval, taxas de governo) e sua permanência, em nossa atualidade, ainda utilizadas com denominações que nos remetem àquelas experiências do passado.
A contagem que se utiliza dos dedos das mãos é herança pré-histórica. Para contagens maiores utilizava-se também os dedos dos pés e outras articulações do corpo humano... Impressiona-nos como os sumérios já realizavam multiplicações entre dezenas apenas visualizando as mãos... O modo como os egípcios ou indianos faziam suas multiplicações também chama a nossa atenção e passamos a querer realizar cálculos com base em suas experiências milenares. É por isso que demorei um pouco mais com o livro emprestado. No caso egípcio, por exemplo, duas colunas eram formadas (uma delas parte do 1 e a outra do multiplicando ou multiplicador). Podemos depreender que não havia a necessidade de se decorar a tabuada, já que nessas colunas eram feitas multiplicações por 2 e, quando necessárias, adições bem simples... Assim descobriam, por exemplo, a área de um terreno para a construção de um templo...
É claro que os métodos atuais são mais práticos, mas devemos reconhecer o esforço e a capacidade dos que nos antecederam em resolver situações diversas. O que dizer, então, das contribuições maias, incas, chinesas, israelitas, gregas, romanas e árabes? Os registros incas (e de outros povos) em pequenos nós( conhecidos como quipus) serviam para registros de contagens e até, dizem alguns, revelavam preces e poemas...
O modo como alguns desses povos utilizaram letras para representar números trouxe facilidades e problematizações.... É que algumas composições numéricas acabaram formando palavras que não podiam ser pronunciadas (!)... Muito interessante também é a relação número/elementos da natureza, percebida entre os indianos, que gerou a construção de belos poemas. Lia-se o poema, percebia-se o número. Mas isso era para alguns poucos iniciados.
O valor dado ao número de acordo com a “casa” que ele ocupa (unidade, dezena,...) foi uma grande revolução, já que no início a representação das quantidades maiores exigia o registro de muitos sinais... Ao que tudo indica foram os indianos que inventaram o zero, outra grande revolução, a maior, no registro numérico. Sobre isso não podemos deixar de enaltecer o trabalho dos árabes que fizeram a difusão dessas invenções em um tempo em que o Ocidente vivia uma obscuridade tremenda, carregada de preconceitos.
Ficou um pouco confuso o que escrevi porque não sou mesmo versado nesse assunto. Mas a minha ansiedade em divulgar essa leitura e proporcionar a curiosidade de vocês para esse estudo foram maiores que a minha timidez.
Um abraço,
Prof.Gilberto
Leia: Os números. Editora Globo.
Também disponível em http://books.google.com.br/books?id=Kj7YPbL-LAYC&printsec=frontcover&dq=os+n%C3%BAmeros&hl=pt-BR&ei=mG4cTazKJ4Ks8AaNvtndDQ&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CCYQ6AEwAA#v=onepage&q&f=false

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