domingo, 9 de abril de 2017

“A Volta ao Mundo em Oitenta Dias”, de Júlio Verne – da “Coleção eu Leio” – forte de Chunar, Ghazepur, o túmulo de lord Cornwallis, Buxar, Patna, Monghir, Bengala, Golconda, Ghur, Murshedabad, Burdwan, Hugly e Chandernagor deixados para trás no caminho para Calcutá; uma capital dividida; detenção, pavor e aflição

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/04/a-volta-ao-mundo-em-oitenta-dias-de_12.html antes de ler esta postagem:

O trem seguiu no rumo de Calcutá.
Mergulhada em reflexões sobre tudo o que vivenciara, a jovem Aouda não tinha mesmo condições de contemplar a paisagem que ia ficando para trás.
O mesmo se dava com Phileas Fogg, interessado apenas em vencer o desafio de dar a volta ao mundo em oitenta dias.
Verne cita algumas paragens do percurso que certamente emocionariam aos mais curiosos e exigentes turistas.
Entre elas: o forte de Chunar, que era uma “antiga fortaleza dos rajás do Behar”, localizado a uns trinta quilômetros a sudeste de Benares; a localidade de Ghazepur, conhecida por sua produção de água de rosas; o túmulo de lord Cornwallis, de longa lista de serviços prestados ao império britânico, governador na região no começo do século XIX; Buxar, importante cidade fortificada; Patna, onde se localizava o principal mercado de ópio da colônia, um importante centro comercial e industrial; Monghir, outra cidade de destaque econômico, conhecida pelas fundições de ferro, serralherias e produção de armas brancas.
(...)
À noite o trem venceu muitos quilômetros.
Na escuridão lobos fugiam assustados logo que a composição barulhenta e veloz se aproximava. Mesmo que o curioso Passepartout vencesse o cansaço e o sono não teria condições de admirar belas cidades veladas pela escuridão: Bengala, Golconda, as ruínas de Ghur, Murshedabad, Burdwan, Hugly ou o domínio francês de Chandernagor.
(...)
A composição chegou a Calcutá às sete da manhã.
Pelas previsões de Fogg, a capital seria alcançada vinte e três dias depois de ter partido de Londres. Era dia 25 de outubro e, de acordo com o seu roteiro, não estava nem adiantado nem atrasado.
De modo algum notava-se qualquer lamentação em suas expressões. A embarcação para Hong Kong deixaria o porto ao meio-dia. Isso significava que tinham uma folga de apenas cinco horas.
Ao deixarem o trem, Phileas Fogg tratou de auxiliar a jovem Aouda. Ele não cogitava apartar-se dela por nenhum instante, pois sabia dos perigos que ela ainda corria. Por isso desejava conduzi-la o quanto antes à embarcação, onde estariam mais seguros.
Mas aconteceu que logo que se retiravam da estação, Fogg foi abordado por um policial que solicitou que se identificasse. Na sequência o homem quis saber se aquele que o acompanhava (apontou para Passepartout) era seu criado.
Fogg respondeu afirmativamente e o policial pediu para que ambos o acompanhassem. O excêntrico inglês assentiu sem questionar, pois sabia comportar-se diante de um representante da lei. Este não parecia ser o caso de Passepartout, que deu a entender que iniciaria uma discussão.
Diante de comportamento típico dos “franceses mais exaltados”, o policial chegou a tocar o bastão no agitado criado. Fogg deu ordem de obediência e tudo se ajeitou. Na sequência, perguntou se podia levar também a jovem que o acompanhava.
O policial não fez objeção e conduziu-os até um palki-ghari, uma carruagem de quatro lugares e puxada por dois cavalos.
(...)
O percurso foi silencioso e durou vinte minutos.
O veículo passou pela “área negra” de Calcutá, com suas ruas estreitas e repletas de pessoas malvestidas e sujas. Depois percorreu a elegante “área inglesa”, cujas casas construídas com tijolos eram contempladas com áreas gramadas onde cavaleiros podiam adestrar montarias e praticar a cavalgada.
O policial parou o palki-ghari em frente a uma instalação que não parecia ser residencial, dado que as janelas possuíam grades como as prisões. Pediu para que Fogg, Aouda e Passapartout descessem. Levou-os a uma sala e explicou que compareceriam diante do juiz Obadiah às oito e meia.
Disse isso, retirou-se e fechou a porta. Não havia dúvida, a sala era uma cela e estavam detidos. Desesperado, Passepartout esparramou-se numa cadeira. Aouda voltou-se ao senhor Fogg e implorou que a deixassem.
(...)
A jovem entendeu que aquilo estava acontecendo por sua causa. Estavam sendo perseguidos porque a tinham libertado!
Mas Phileas Fogg não se abalou e disse apenas que não era possível que fanáticos praticantes do “sutty” ousassem apresentar queixa às autoridades inglesas.
Para ele, aquilo só podia ser um engano. De qualquer modo, respondeu à moça que não a abandonaria, pois se mantinha no firme propósito de levá-la a Hong Kong.
Passepartout lembrou que a embarcação partiria ao meio-dia.
Fogg garantiu que não perderiam o embarque.
Leia: A Volta ao Mundo em Oitenta Dias – Coleção “Eu Leio”. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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