domingo, 2 de abril de 2017

“A Volta ao Mundo em Oitenta Dias”, de Júlio Verne – da “Coleção eu Leio” – na estação de Allahabad; análises do general Cromarty a respeito da condição da jovem Aouda; Passepartout sai às compras; um pouco a respeito da “cidade de Deus” na confluência do Ganges e do Jumna

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/03/a-volta-ao-mundo-em-oitenta-dias-de_25.html antes de ler esta postagem:

Depois de uma hora de fuga, o guia parse conduziu Phileas Fogg e seus companheiros por paragens mais tranquilas.
Ficara para trás a agitação proporcionada pela ideia maluca de Passepartout.
No momento ele podia rir de tudo o que se passara. A jovem encantadora que salvara do sacrifício brâmane permanecia inconsciente.
(...)
De tal modo Kiuni prosseguiu com suas passadas largas e seguras que logo alcançaram vasta planície. Pararam por volta das sete horas... O guia resolveu servir água com um pouco de conhaque à Aouda.
Ela não esboçou nenhuma reação e isso deu a entender que ainda estava mergulhada no entorpecimento a que foi submetida pelos vapores do cânhamo durante o ritual “sutty”.
O general Cromarty sabia que não deviam se preocupar em relação ao estado físico da moça. Mas o experiente militar entendia que, se ela permanecesse em território indiano, fatalmente voltaria a ser capturada pelos que viram frustrado o sacrifício em honra à deusa Kali.
Ele falou a este respeito com Phileas Fogg. Argumentou que por mais que a polícia inglesa se esforçasse, os algozes de Aouda não descansariam até obter êxito em sua caçada. Havia muitos exemplos que ele poderia citar! Em síntese, a única esperança de vida para a jovem seria retirar-se o quanto antes da Índia.
Fogg ouviu com atenção e garantiu que levaria aquelas palavras em consideração. Certamente, qualquer que fosse a decisão a tomar em relação à jovem, voltaria a falar com o militar.
(...)
Eram umas dez horas quando o guia parse disse que haviam chegado à estação de Allahabad.
Daquele ponto até Calcutá voltariam a viajar de trem. As composições percorriam a distância em menos de vinte e quatro horas.
Fogg mostrou-se satisfeito. Sobretudo porque chegaria a tempo de comprar os bilhetes para a embarcação para Hong Kong (ela partiria apenas no dia seguinte, 25 de outubro).
Providenciaram um quarto na própria estação para que Aouda pudesse continuar o seu restabelecimento. Passepartout recebeu do patrão a missão de ir às compras para atender as necessidades de toilette da jovem. O francês foi autorizado a comprar vestidos, peles e tudo o que encontrasse e considerasse útil a ela.

(...)

Não é por acaso que Allahabad tem esse nome que significa “cidade de Deus”.
Por se tratar de ambiente sagrado, é local de peregrinação e veneração. Sabe-se que os peregrinos sempre foram atraídos pelas águas do Ganges e do Jumna.
De acordo com as lendas do Ramayana, o rio Ganges nasce no céu e só desce à terra graças à intervenção divina de Brahma.

(...)

É verdade que Passepartout poderia aprender um pouco a respeito de tudo isso em conversa com algum comerciante. Mas ao contemplar o antigo forte que era utilizado como presídio, notou que não havia indústrias ou centros comerciais na cidade que já fora conhecida por destacado dinamismo econômico.
A verdade é que ele só conseguiu alguns artigos (“vestido de tecido escocês, casaco e uma pele de lontra”) depois de muita negociar com um judeu que estava disposto a sugar ao máximo o freguês. Passepartout teve de desembolsar setenta e cinco libras pelas compras.
(...)
Quando retornou à estação, Passepartout viu que a jovem Aouda retornava a si. Seus belos olhos recuperaram aos poucos toda a sua “doçura indiana”.
É o próprio Verne quem insiste que ela “era encantadora em toda acepção europeia da palavra”.
Até quem nunca leu “A Volta ao Mundo em Oitenta Dias” já desconfia que ela se tornará personagem importante da aventura.
Por enquanto ficamos por aqui. Na próxima postagem conheceremos um pouco mais a respeito dos predicados da misteriosa jovem.
Leia: A Volta ao Mundo em Oitenta Dias – Coleção “Eu Leio”. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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