quarta-feira, 12 de abril de 2017

“A Volta ao Mundo em Oitenta Dias”, de Júlio Verne – da “Coleção eu Leio” – diante do juiz Odadiah; três sacerdotes brâmanes apresentaram acusação de “profanação de templo” contra Fogg e Passepartout; ligeira confusão em relação aos acusadores; Passepartout reconhece o par de sapatos que ficaram para trás no templo de Malebar Hill

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/04/a-volta-ao-mundo-em-oitenta-dias-de_9.html antes de ler esta postagem:

O modo como Phileas Fogg se manifestara a respeito de sua certeza em relação ao embarque foi tão incisivo que Passepartout afirmou que era mais que certo que antes da partida do navio estariam a bordo. Não ousou nenhum questionamento, mas de fato não estava inteiramente convencido.
Sua preocupação aumentou no instante em que o policial voltou a abrir a porta às oito e meia. Os três detidos foram levados para uma sala de audiência. O francês notou que o auditório estava bem concorrido. Europeus e nativos lotavam o cômodo.
Fogg, seu criado e a senhorita Aouda foram acomodados em três cadeiras posicionadas diante de uma grande mesa onde se colocariam o magistrado e o escrivão.
(...)
A sessão começou um tanto atrapalhada.
O juiz Obadiah era um tipo alto e rechonchudo. Antes de dar início ao interrogatório colocou a tradicional peruca, mas logo que começou a falar sobre o caso notou que havia cometido um erro em relação ao adereço, e foi por isso que chamou a atenção de Oysterpuf (o escrivão).
A peruca na cabeça do magistrado era a de Oysterpuf. Ele fez a observação e o meritíssimo salientou que para proferir uma “boa sentença” devia usar a “peruca correta”.
Oysterpuf interrogou como quem faz uma chamada. Phileas Fogg respondeu que estava à disposição. Passepartout disse que estava presente.
Na sequência o juiz explicou que fazia dois dias que os dois eram procurados e que todos os trens de Bombaim haviam sido investigados.
Passepartout quis saber de que estavam sendo acusados. O juiz Obadiah respondeu que logo ele saberia. Ao ouvi-lo, Phileas Fogg manifestou que, sendo cidadão inglês, tinha direito.
Aconteceu que ele não pôde terminar o que dizia porque o juiz o interrompeu perguntando se alguém o desrespeitara. Fogg respondeu que não, de modo algum. Então o juiz não viu motivo para interromper o interrogatório e pediu para que trouxessem os que tinham apresentado queixa.
(...)
Três sacerdotes indianos foram trazidos à sala.
No mesmo momento Passepartou concluiu que aqueles eram os que pretendiam sacrificar a jovem Aouda no ritual “sutty”.
Os religiosos mantiveram-se firmes diante do juiz enquanto que o escrivão fez a leitura da acusação de sacrilégio. Acusavam o senhor Fogg e o criado de terem “violado um lugar consagrado à religião bramânica”.
O juiz Obadiah quis saber se Phileas Fogg tinha ouvido a acusação. Ele respondeu que sim e olhou para o relógio. Logo a seguir disse que confessava.
Era isso mesmo? O juiz pediu para ele confirmar o que acabara de dizer. Fogg respondeu afirmativamente e disse que esperava que os três sacerdotes também confessassem a respeito de suas intenções no templo de Pillaji.
Os homens não entenderam o que ele estava querendo dizer e olharam uns para os outros com ares de interrogação. Estava claro que não compreendiam e, para complicar ainda mais, no mesmo instante Passepartout começou a dizer que no referido templo eles se reuniram para sacrificar uma vítima.
Os três se espantaram ainda mais. O juiz Obadiah estranhou, quis saber mais e perguntou sobre quem era a vítima. Em plena Bombaim?
Passepartout percebeu que havia uma confusão na troca de acusações. O escrivão explicou que os acusadores tinham queixas a respeito de uma confusão no templo de Malebar Hill. Na sequência ele colocou a prova do delito sobre a mesa.
O francês reconheceu seu par de sapatos no mesmo instante. Não conseguiu segurar a exclamação. Ele e Fogg trocaram olhares e sem que precisassem falar entenderam que aqueles três sacerdotes o haviam perseguido pelas ruas de Bombaim. É claro que eles tinham se esquecido do episódio.
(...)
Sabemos o que ocorreu.
Fix, o investigador que esperava um mandato de prisão desde Londres para capturar Phileas Fogg, resolveu não partir no trem para Calcutá porque soubera da confusão em que Passepartout se metera no templo em Bombaim.
Aproximou-se dos religiosos e os aconselhou a abrir um processo judicial. Garantiu que obteriam indenizações satisfatórias.
Por conta de sua artimanha, Fix perdeu umas doze horas. É verdade que ele e os três brâmanes conseguiram passagens para o próximo trem. Fogg seria alcançado, mas como sabemos ele e os companheiros resolveram resgatar a jovem Aouda.
Isso explica por que Fix chegou à capital antes de seu suspeito.
Leia: A Volta ao Mundo em Oitenta Dias – Coleção “Eu Leio”. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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