sábado, 15 de abril de 2017

“A Volta ao Mundo em Oitenta Dias”, de Júlio Verne – da “Coleção eu Leio” – Fix contata Passepartout; surpresa, revelações e um brinde; conclusões sobre o misterioso senhor; espionagem contratada pelos membros do Reform Club?

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/04/a-volta-ao-mundo-em-oitenta-dias-de_1.html antes de ler esta postagem:

Fix decidiu que devia fazer umas perguntas para Passepartout antes que o Rangoon chegasse a Cingapura. Não teria muito tempo, pois já era 30 de outubro e previa-se que a embarcação alcançasse as águas daquele porto no dia seguinte.
O policial retirou-se de sua cabine disposto a topar com o criado do senhor Fogg. Não foi preciso grande esforço porque logo o encontrou no convés.
Fix se aproximou do rapaz dando a entender que estava surpreso com o encontro. Passepartout não precisava disfarçar o impacto que teve ao reconhecer o “funcionário da companhia de navegação” que coincidentemente também viajara no Mongólia.
Surpreso, Passepartout exclamou que imaginava tê-lo deixado em Bombaim. No momento estavam a caminho de Hong Kong! Estaria ele também fazendo a volta ao mundo?
O policial respondeu que tinha a intenção de permanecer em Hong Kong por alguns dias. O francês não pôde deixar de perguntar sobre o motivo de ainda não se encontrarem desde que o navio deixara Calcutá. Fix explicou que passou mal, enjoou e desde o golfo de Bengala permanecera trancafiado em sua cabine.
Depois de justificar sua ausência em meio aos passageiros do Rangoon, Fix perguntou sobre o senhor Fogg. Passepartout respondeu que ele estava bem de saúde e que seguia tão pontual quanto o roteiro que havia traçado.
O policial sabia que Passepartout era falador, mas não esperava obter as informações que necessitava tão rapidamente. O criado disparou a revelar que não estavam atrasados e acrescentou que uma jovem os acompanhava.
Evidentemente Fix manifestou surpresa ao ouvir aquela “novidade”. Passepartout iniciou uma narrativa para colocá-lo a par dos acontecimentos. Assim, contou-lhe a respeito da atrapalhada no templo de Bombaim, sobre a necessidade de comprar o elefante Kiuni por duas mil libras... Prosseguiu falando sobre o ritual “sutty” e o resgate da senhorita Aouda. Por fim contou tudo o que aconteceu no tribunal de Calcutá, a condenação e o pagamento da caução.
Fix conhecia bem a última parte do que lhe fora narrado. Mas não podia deixar de mostrar a atenção dos que ouvem uma novidade. Deixou Passepartout à vontade para falar empolgadamente e por fim perguntou se a interesse de Fogg era levar a jovem para a Europa. O criado respondeu negativamente e emendou que a deixariam em Hong Kong sob os cuidados de um rico parente.
Ao saber do que seria feito da jovem Aouda, Fix teve de disfarçar o seu desapontamento. Perguntou ao falante companheiro se não desejava bebericar um cálice de gim. Passepartou concordou no mesmo instante, pois o melhor que tinham a fazer era comemorar o inesperado encontro a bordo do Rangoon.
(...)
Depois desse encontro, os dois se viram outras vezes, mas Fix evitava novas falações. Por duas ocasiões avistou Fogg no salão, notou que ele se habituara a fazer companhia à jovem por um tempo para depois acomodar-se numa das mesas onde o jogo do uíste era o passatempo predileto.
(...)
Passepartout refletiu sobre a presença do educado senhor Fix entre os passageiros do Rangoon. Recapitulou os encontros que tiveram desde Suez. Estiveram no Mongólia e desembarcaram em Bombaim que, de acordo com o homem, era o ponto final de sua viagem...
O reencontro no Rangoon era no mínimo estranho. A coincidência levou Passepartout a cogitar que os passos de seu patrão estivessem sendo seguidos por aquele tipo.
O que havia por trás daquele mistério? Sinceramente já não estranharia se, ao chegarem em Hong Kong, o cavalheiro resolvesse embarcar novamente no mesmo navio que eles.
O fato é que ele jamais cogitaria que seu patrão estivesse sendo perseguido por um agente policial que o incriminava pelo roubo milionário ao Bank of England. Todavia o seu exercício de interpretação levou-o a uma explicação interessante para o fato.
Passepartout concluiu que Fix só podia ser um espião contratado pelos apostadores do Reform Club para seguir os passos de Fogg pelo mundo e certificar se tudo se realizava conforme o que haviam combinado.
O rapaz gostou do próprio raciocínio, mas considerou que aquela iniciativa dos apostadores do Reform Club não era nem um pouco digna.
Não sabia ao certo o que fazer, mas entendia que não devia revelar o que acabara de descobrir porque certamente o senhor Fogg se ofenderia com a desconfiança dos seus companheiros de clube.
Leia: A Volta ao Mundo em Oitenta Dias – Coleção “Eu Leio”. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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