sábado, 8 de abril de 2017

“A Volta ao Mundo em Oitenta Dias”, de Júlio Verne – da “Coleção eu Leio” – a rainha Ahmehnagara encantava o “rei poeta” Uçaf Uddaul; Aouda, jovem parse formada pela cultura inglesa, incorporava a beleza cantada pelo “rei poeta”; recompensando o guia; a caminho de Benares

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/04/a-volta-ao-mundo-em-oitenta-dias-de.html antes de ler esta postagem:

Verne apresenta-nos as considerações que o “rei-poeta” Uçaf Uddaul tecia a respeito de sua amada rainha Ahmehnagara.
(...)
Em síntese, Ahmehnagara (cujos encantos deviam ser também os de Aouda) tinha “cabelos reluzentes e partidos ao meio; suas faces eram harmoniosas, delicadas e alvas; as sobrancelhas de ébano têm a forma e o poder do arco de Kama, deus do amor; seus grandes olhos negros, destacados pelos longos cílios sedosos, eram límpidos e navegam como nos lagos sagrados do Himalaia, os reflexos mais puros da luz celeste; seus dentes, de formidável brancura, resplandeciam entre os lábios sorridentes da mesma forma que gotas de orvalho se destacam no seio entreaberto de uma flor de romã”.
Todo o mais era perfeito em Ahmehnagara. Orelhas pequenas e de curvas simétricas, mãos rosadas e pés pequenos “arqueados e tenros como os brotos do lótus”. A delgada e fina cintura podia ser abraçada por uma mão e conferiam à musa curvas fenomenais bem moldadas por todo o corpo...
Tal perfeição era digna de comparação às esculturas produzidas pelas “mãos divinas de Vicvacarma, o eterno estatuário”.
(...)
Alguns ficariam intrigados a respeito dos citados Uçaf, Ahmehnagara e Vicvacarma... Teriam de fato existido ou se tratavam de criação do autor? O certo é que, com a referida passagem, Verne nos dá uma ideia do encantamento da mulher indiana ao mesmo tempo em que destaca que Aouda reunia todas as qualidades que deixariam qualquer europeu deslumbrado.
Assim como o guia contratado por Phileas Fogg para conduzi-los pelas florestas, Aouda era parse.
O autor não esconde que, em relação aos demais indianos, a gente parse era “superior”. E mais! A jovem “falava inglês com grande pureza”, além de ser dotada de exemplar educação.
(...)
Fogg pagou ao parse o que lhe devia pelo serviço contratado. O rapaz se comportara exemplarmente e arriscara a própria vida ao engajar-se no plano de libertação de Aouda. Não seria exagero dizer que os irados indianos que haviam sido tapeados por ocasião do rapto saíssem à sua captura.
Sabendo que o guia parse merecia muito mais, Passepartout estranhou o fato de o patrão não lhe pagar além do que fora combinado.
Para a surpresa de todos, Phileas Fogg manifestou todo o seu reconhecimento ao guia. Agradeceu pela sua dedicação e ofereceu-lhe o elefante Kiuni.
Os olhos do rapaz brilharam e no mesmo instante ele manifestou que o oferecido se tratava de verdadeira fortuna. O inglês respondeu que ainda assim permaneceria em débito em relação aos serviços que lhe prestara.
O parse parecia encabulado. Então Passepartout se intrometeu e o incentivou a aceitar o “bravo e corajoso animal”. Na sequência o francês aproximou-se do elefante e deu-lhe uns pedaços de açúcar.
O bicho ficou satisfeito, agarrou Passepartout com sua tromba e o levantou. Foi um encanto só. Ele fez uma carícia em Kiuni, que o colocou novamente em solo firme.
O parse apertou a mão dos europeus e assim agradeceu o presente que acabara de receber.
(...)
Logo os aventureiros se instalaram no trem que os levaria para Benares.
A composição percorreu os cerca de cento e trinta quilômetros em duas horas.
Fogg conseguiu um confortável vagão. Cromarty e Passepartout permaneceram em sua companhia.
À jovem Aouda reservaram a melhor ocupação do mesmo vagão.
Aos poucos ela se restabeleceu completamente.
Quando deu por si estranhou o fato de estar trajando roupas europeias, a salvo num trem de alta velocidade e na companhia de três desconhecidos.
Leia: A Volta ao Mundo em Oitenta Dias – Coleção “Eu Leio”. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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