sábado, 8 de abril de 2017

“A Volta ao Mundo em Oitenta Dias”, de Júlio Verne – da “Coleção eu Leio” – despedida do general Cromarty; Fogg sugere que Aouda siga para Hong Kong; um pouco sobre a lendária e simples Benares; paisagens da planície do Ganges; abluções, divindades do bramanismo e contrastes com a “modernidade proporcionada pelos investimentos ingleses

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/04/a-volta-ao-mundo-em-oitenta-dias-de_8.html antes de ler esta postagem:

Os três europeus foram extremamente cuidadosos com Aouda e ofereceram-lhe gotas de licor para que se reanimasse.
O general Cromarty explicou-lhe tudo o que havia ocorrido. Destacou a generosidade e coragem de Phileas Fogg e o ousado plano de Passepartout.
Fogg nada disse. O francês encabulou-se e por diversas vezes manifestou que “aquilo não foi nada”.
A jovem Auda não sabia como agradecer. Chorou muito e seu belo olhar demonstrava toda a sua gratidão. Evidentemente suas lágrimas também eram motivadas pela incerteza de seu destino.
Ela sabia que não teria chance de escapar de seus algozes. Fogg parecia adivinhar suas preocupações e ofereceu-lhe a possibilidade de fuga até Hong Kong.
O homem falou com uma frieza espantosa e terminou sua proposta dizendo que ela poderia permanecer na possessão que os ingleses haviam obtido da China até que toda aquela história fosse esquecida.
A jovem entendeu que a oferta era das mais convenientes. Sobretudo porque em Hong Kong vivia um de seus parentes, rico e importante comerciante. Certamente ele a ajudaria a superar o trauma e a retornar para a Índia quando fosse possível.
(...)
O trem chegou à estação de Benares ao meio-dia.
As lendas contadas pelos religiosos brâmanes diziam que essa cidade fora erguida onde antes havia Casi, um ambiente “suspenso no espaço entre o zênite e o nadir” do mesmo modo que a tumba de Maomé.
Mas os tempos eram bem outros. Os ingleses mostravam que Benares pertencia ao solo onde pessoas comuns viviam. Não eram poucos os que a consideravam a “Atenas da Índia”.
Passepartout quis conferir o aspecto geral da cidade. Circulou por algumas ruas e não notou nada de muito extraordinário, além de casas de tijolos expostos e cabanas de taipa.
(...)
Benares era o ponto final da viagem do general Cromarty. Mais alguns quilômetros ao norte da estação localizava-se o acampamento de suas tropas.
O militar despediu-se do excêntrico inglês dizendo que esperava que ele voltasse a realizar a mesma viagem de modo proveitoso, sem pressa, para que pudesse apreciar as paisagens, as cidades e a cultura desenvolvida pelas gentes locais.
Fogg despediu-se com um leve aperto de mão. A jovem Aouda retribuiu o afeto demonstrado pelo general. Passepartout emocionou-se ao também ser cumprimentado e manifestou que seria uma grande honra poder servi-lo no futuro.
(...)
O trem partiu no horário previsto. A ferrovia o encaminhava pelo vale do Ganges. Em muitos dos campos via-se rebanhos de gado, de cultivo da cevada, milho e trigo. A paisagem também era composta por montanhas e florestas fechadas. De quando em quando crocodilos podiam ser avistados em aguaceiros das proximidades de rios.
Outros animais como elefantes e gado zebu também apareciam para saciar sua sede. Apesar do frio, muitos indianos chegavam às margens do Ganges para as abluções rituais.
Verne destaca que aqueles homens e mulheres eram fervorosos brâmanes que além de não assimilarem o budismo colocavam-se como inimigos ferrenhos dessa orientação religiosa. Para eles, “Vishnu é a divindade solar, Shiva é a personificação divina das forças naturais, e Brahma é o senhor supremo dos sacerdotes e legisladores”.
Não há como não destacar que, para o autor, o modo de ser daquelas pessoas contrastava com as novidades do tempo que se vivia. Mergulhadas em suas convicções religiosas, se espantavam como as gaivotas e as tartarugas logo que notavam que no mesmo rio sagrado potentes embarcações movidas a vapor surgiam com seus apitos e espessa fumaça.
Leia: A Volta ao Mundo em Oitenta Dias – Coleção “Eu Leio”. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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