domingo, 25 de janeiro de 2015

“Os Mandarins”, de Simone de Beauvoir – Dubreuilh e sua decepção com a política; Lenoir entende que a atitude correta a tomar é o apoio ao PC; Anne lamenta os ataques entre Henri e Robert, lamenta o definhamento do “SRL” e a solidão do marido; Lewis alimenta esperanças de novo encontro com sua amada francesa

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2015/01/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir.html antes de ler esta postagem:

Anne relata sobre a tristeza que sentiu ao ler os textos de Robert e Henri estampados lado a lado em L’Espoir... As acusações de ambos só podiam ser comparadas àquelas que inimigos ferrenhos trocam entre si... Também Nadine mostrou-se indignada e culpou Lambert, seu desafeto e único capaz de influenciar Henri...
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Por que faltava confiança a Henri? Por que insistiu no julgamento errôneo em relação a Dubreuilh? Também este demonstrou fraqueza quando não se posicionou abertamente a respeito dos campos soviéticos... Havia outros tantos motivos que Robert dera para o acumulado de decepções de Henri... O caso que envolvia Trarieux no financiamento de L’Espoir era apenas um exemplo...
Anne pensava sobre essas coisas... Atormentava saber que o SRL fosse pura indefinição... Certamente perderia filiados, e sem um jornal para divulgar seus ideais dificilmente sobreviveria...Lenoir agitava os simpatizantes comunistas a proporem aliança... Não foi por acaso que visitou os Dubreuilh.
Robert deixou claro que aguardaria as eleições... Um dos cenários possíveis seria o enfraquecimento do PC a partir da repercussão dos textos de Henri... Mas Dubreuilh nunca cogitara aproximar-se do partido... Por outro lado, não havia impedimentos estatutários que impedissem os membros do SRL de se filiarem ao PC... Era quase certo que isso ocorresse.
(...)
O próprio Lenoir foi o primeiro a debandar... Até Marie-Ange estava militando em L’Enclume, a revista dos comunistas...
Marie-Ange apareceu solicitando uma entrevista, mas Robert rejeitou prontamente... É claro que ele estava chateado com Henri por causa do rompimento que via como traição, mas é verdade também que repudiou sinceramente o artigo de Lachaume (ver http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/08/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir-fim.html e http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/08/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir_14.html) que desclassificava Perron na mesma revista.
(...)
Lenoir estava satisfeito com a vitória comunista nas eleições... Pelo visto, Perron e demais simpatizantes da causa anticomunista não conseguiram alterar as intenções dos eleitores... Então, para ele, bastava Robert sinalizar apoio ao PC que todo o SRL o seguiria.
Dubreuilh foi “curto e grosso” e respondeu que o SRL estava morto... Lenoir quis dizer que a batalha política prosseguia e que, além do mais, os membros do SRL continuavam vivos...
Robert disse ao rapaz que antes de todo barulho provocado pelas denúncias sobre os campos soviéticos de trabalho forçado ele não tinha intenção de fazer nenhum chamamento de apoio ao PC aos agremiados... Após a divulgação ele se sentia menos empolgado ainda.
Em todo caso, Lenoir aplaudiu a recusa de Robert a participar do “conluio de Scriassine e Henri”...
Dubreuilh acrescentou que não participou das denúncias, mas isso não significava que não acreditasse na existência dos “campos soviéticos de morte”...
Como Lenoir insistisse demais que a sinalização de apoio ao PC era necessária, Dubreuilh achou por bem garantir que não se envolveria mais com política.
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Depois de mais essa visita de Lenoir, Anne quis saber se o marido abandonaria mesmo a política... Ele respondeu que, ao que tudo indicava, a política o havia abandonado...
Dubreuilh não enxergava mais espaço para a sua atuação ou de qualquer outra “minoria”... Por outro lado se recusava a apoiar os comunistas ou atuar contra eles...
Anne disse que ele poderia continuar a escrever seus artigos políticos na Vigilance... Então ele fez referências às palavras de Lenoir, concordando que os artigos de Henri não exerceram a menor influência nas eleições... Com ele também não seria diferente.
(...)
Henri desejava influenciar algo?
Anne não estava certa a esse respeito... Dubreuilh arriscou dizer que talvez nem o próprio Henri soubesse...
Anne quis que o marido refletisse sobre a transformação de L’Espoir que, no final das contas, não se transformou em ferramenta anticomunista... Robert ponderou que o melhor seria aguardar um pouco mais para saber...
(...)
Era assim que o inverno passava...
Anne via que Robert estava se tornando cada vez mais solitário...
Também as cartas que ela recebia de Lewis não lhe traziam conforto... O namorado relatava a respeito da neve sobre Chicago enquanto imaginava um festivo reencontro e passeio de barco pelo Mississipi...
Haveria uma “primavera” para aquela relação?
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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