De meados do mês de outubro do último ano até o final de novembro reservamos algumas aulas (grupos de sextos anos do Ensino Fundamental) para a leitura compartilhada de Meu Avô Africano, livro de Carmen Lucia Campos, com ilustrações de Laurent Cardon (São Paulo: Panda Books, 2014 – 4ª impressão – Coleção Imigrantes do Brasil).
(...)
Há muito de “africanidades” na parte em que Campos narra a festa na casa
da vó Inês...
Vítor nem sabe dizer quem “era
parente de verdade” entre os que participaram do animado encontro...
A vó Inês, baiana e “cozinheira de mão cheia”, fez pratos
doces e salgados... Como se tratava de seu aniversário, ela caprichou ainda
mais...
As crianças adoraram o bobó de camarão e a moqueca...
Como não podia deixar de ser, se refestelaram com os doces, principalmente com
o quindim que, como souberam depois, é uma palavra africana que “quer
dizer dengo; encanto”.
A festa prosseguiu com uma roda de samba
incrementada por vários instrumentos musicais... Todos participaram cantando, e
quem não tinha pandeiro ou tambor batia palmas ou tirava sons do batuque na
mesa e nos copos...
Uma alegria só...
Quando o avô Zinho tirou a vó Helena para dançar, Vitor os comparou aos
casais das escolas de samba... Todos cantavam uma canção
em homenagem à capital de Angola (Luanda)... A irmãzinha de Vítor ficou sabendo
que a música não era para ela... Sobre Angola, ela se lembrava da
ilustração de uma galinha-d’angola...
Vítor ouviu as dúvidas e conclusões simplistas de Lua... Prestou atenção
quando falaram sobre Angola e soube que aquele era o nome de mais um país
africano... Então se lembrou de que precisava descobrir quantos países formam o
continente de seus antepassados...
A cantoria do “parabéns a você” parecia não ter fim... Palavras bem
diferentes aos ouvidos de Vítor (bamboé;
bambuá...) eram pronunciadas com muita rima, improvisação e animação.
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Tradição oral:
Foi a tia Bete (irmã do
André, pai do Vítor e da Luanda) quem percebeu que o garoto estava radiante...
Sim, Vítor estava muito contente... Ela puxou conversa com o sobrinho ao
garantir que todos os aniversários na família eram daquele jeito descontraído...
A vó Inês explicou
que aquelas cantigas já eram entoadas pelos familiares desde quando era
pequena... Os mais velhos ensinavam aos mais novos... E emendou que era o mesmo
que ocorria com “os remédios caseiros e as histórias da África que sua bisavó
contava”.
Vítor quis saber se a bisavó da avó Inês era africana... Ela respondeu
que conheceu sua bisavó já bem velhinha e que ela dizia que tinha vindo do Congo.
Inês garantiu que, embora a
memória de sua bisavó “falhasse um pouco”, era certo que tudo o que ela própria
sabia sobre os temperos e ervas que utilizava na cozinha havia sido transmitido
por ela para a avó; e da avó para a sua mãe. Todo aquele conhecimento havia
chegado à dona Inês através da tradição oral...
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Como a tia Bete trabalhava numa agência de turismo,
presenteou Vítor e Luanda com um folheto que apresenta um mapa bem legal da
África... Ela disse que era para Luanda localizar a cidade que tem o seu nome,
e para Vítor encontrar o Congo, de onde os antepassados vieram...
(...)
No caminho de volta para casa, Vítor não largou o mapa... Contou os
países e se espantou com a quantidade (53!)... A tia Jô notou o espanto do garoto
que estava mergulhado em reflexões...
Luanda dormia gostosamente encostada na mãe... O
trânsito não fluía por causa do grande número de veículos...
Vítor Iori começou a falar sobre uma atividade escolar para o próximo
mês... Teria de escolher um país para pesquisar e apresentar durante a “Feira
das Nações”... Ele se interessava pela Itália e Espanha, países que chamavam a
sua atenção por causa de esportes como o automobilismo e o futebol... Seu
melhor amigo, o Marlon, havia escolhido a Inglaterra... Eles poderiam trabalhar
em grupo...
Vítor mostrou-se incomodado ao lembrar que uma garota (Kelly, com quem
não se dava muito bem) o havia provocado dizendo que, por causa de “sua cor”,
tinha de escolher a África...
O vô Zinho foi logo corrigindo: A África é um
continente com muitos países, além disso, em países
como o Egito e a África do Sul há africanos
brancos...
Vítor esclareceu que a
professora havia explicado a esse respeito... Mas parece que, entre alguns
colegas de escola, prevalece um entendimento errôneo sobre a África... Ele
sentenciou que escolheu pesquisar sobre a Nigéria, de onde saem muitos
bons jogadores de futebol.
A tia Jô não escondeu sua satisfação e sugeriu
que ele aproveitasse para conhecer mais da história e cultura de outros países
da África... É claro que ele poderia contar com a sua ajuda. O vô Zinho emendou
que não pretendia ficar de fora daquela aventura e garantiu que o neto se
surpreenderia com o aprendizado sobre a terra de seus antepassados.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2015/01/meu-avo-africano-de-carmen-lucia-campos_16.html
Leia: Meu Avô Africano. Panda Books.
Um abraço,
Prof.Gilberto