(...)
Um dos méritos desse texto é o de tratar as questões sobre a importância
de nossa diversidade cultural (e especialmente da contribuição africana) a
partir do ponto de vista de uma criança.
O Vítor Iori tem nove anos
e já fazia algum tempo que vinha tentando entender por que o seu nome é tão
diferente dos nomes dos demais colegas... Ele já havia se cansado de tanto
corrigi-los a cada vez que o chamavam de “Vitório”.
Como não sabia explicar, passou a se apresentar apenas como
Vítor.
Só mesmo o avô Zinho, o pai de sua mãe, poderia esclarecer aquela
confusão...
(...)
O avô Zinho (carinhoso apelido de José) é de origem
africana... A avó Helena é de ascendência italiana...
Esse simpático casal tem dois netos (Luanda é a irmã mais nova do Vítor
Iori).
As crianças fazem a casa dos avós se tornar uma alegria só...
Vítor ficou sabendo que foi o avô Zinho quem escolheu o seu nome logo
que ele nasceu... O “Iori” é uma homenagem aos antepassados africanos da
família... Sabemos que o nome de sua irmã também não é por acaso.
Para o garoto pareceria
menos complicado se, em vez de homenagem aos antepassados africanos, seu nome
tivesse origem italiana em homenagem aos antepassados da vovó...
Com humor e paciência,
José consegue mostrar ao neto que o seu nome era motivo de orgulho... Aquilo o
tornava uma pessoa especial... Ele até poderia conferir entre os amiguinhos,
todos com nomes “bem comuns”...
É claro, não havia
nenhum outro ”Iori” em sua escola... Isso não seria motivo para se sentir mais
importante?
(...)
Não é logo no início que o menino fica sabendo do significado de seu
nome... A autora nos leva à convivência familiar de Vítor Iori e aos poucos os
leitores vão tomando consciência de como o nosso modo de ser (de todos nós) está repleto das
contribuições africanas.
(...)
O pai (Renato, que é professor) e a mãe
(Júlia, bancária) de Vítor decidiram mudar a família para um apartamento novo e maior.
Recorreram à hospitalidade do vô Zinho enquanto o prédio estivesse sendo
terminado... Eles se estressavam por acharem que tumultuavam a casa;
Zinho e Helena não escondiam sua satisfação em hospedá-los.
Vítor e Luanda gostariam que a situação permanecesse inalterada,
pois desde mais novos se sentiam bem à vontade com os avós...
E ainda há a Tia Jô (Joseni, irmã gêmea do vô Zinho), bibliotecária
aposentada e contadora de histórias das boas...
O vô Zinho é condutor de Van Escolar, então sua irmã Jô
o auxilia no transporte das crianças... É Vítor Iori quem diz que ela conta
histórias para a garotada em suas idas e vindas (de casa para a escola, e da
escola para casa)... São histórias que prendem
a atenção... Umas são bem engraçadas e provocam longas risadas... Outras são
tristes... Todas elas fazem a gente pensar...
(...)
É verdade... A tia Jô não permite interpretações equivocadas...
É como o que ocorreu quando o vô e a vó fizeram aniversário de casamento
e reuniram muitos parentes do interior... O pessoal se espalhou pela casa e
teve de dormir em colchonetes... Para as crianças foi uma diversão só... Em tom
de brincadeira, o vô Zinho disse que o lugar parecia uma senzala... Vítor
e Lua (o apelido carinhoso de Luanda) não entenderam, então Jô explicou... É
claro que o garoto não concordou com a comparação que o avô havia feito.
(...)
Como esquecer a lenda do baobá contada pela tia
Jô? Ela sempre mostrava as ilustrações dos livros, e isso aguçava ainda mais a
atenção das crianças da Van escolar... Quando ela explicou que a árvore vive até
seis mil anos e é sagrada no Senegal e em muitos outros países
africanos, Vítor ficou pensando sobre essa informação... “Será que tem
muitos países na África?”
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2015/01/meu-avo-africano-de-carmen-lucia-campos_15.html
Leia: Meu Avô Africano. Panda Books.
Um abraço,
Prof.Gilberto