quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

“Meu avô africano”, de Carmen Lucia Campos – uma sugestão de leitura com a temática “africanidades para crianças” – Primeira Parte

De meados do mês de outubro do último ano até o final de novembro reservamos algumas aulas (grupos de sextos anos do Ensino Fundamental) para a leitura compartilhada de Meu Avô Africano, livro de Carmen Lucia Campos, com ilustrações de Laurent Cardon (São Paulo: Panda Books, 2014 – 4ª impressão – Coleção Imigrantes do Brasil).
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Um dos méritos desse texto é o de tratar as questões sobre a importância de nossa diversidade cultural (e especialmente da contribuição africana) a partir do ponto de vista de uma criança.
O Vítor Iori tem nove anos e já fazia algum tempo que vinha tentando entender por que o seu nome é tão diferente dos nomes dos demais colegas... Ele já havia se cansado de tanto corrigi-los a cada vez que o chamavam de “Vitório”.
Como não sabia explicar, passou a se apresentar apenas como Vítor.
Só mesmo o avô Zinho, o pai de sua mãe, poderia esclarecer aquela confusão...
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O avô Zinho (carinhoso apelido de José) é de origem africana... A avó Helena é de ascendência italiana...
Esse simpático casal tem dois netos (Luanda é a irmã mais nova do Vítor Iori).
As crianças fazem a casa dos avós se tornar uma alegria só...
Vítor ficou sabendo que foi o avô Zinho quem escolheu o seu nome logo que ele nasceu... O “Iori” é uma homenagem aos antepassados africanos da família... Sabemos que o nome de sua irmã também não é por acaso.
Para o garoto pareceria menos complicado se, em vez de homenagem aos antepassados africanos, seu nome tivesse origem italiana em homenagem aos antepassados da vovó...
Com humor e paciência, José consegue mostrar ao neto que o seu nome era motivo de orgulho... Aquilo o tornava uma pessoa especial... Ele até poderia conferir entre os amiguinhos, todos com nomes “bem comuns”...
É claro, não havia nenhum outro ”Iori” em sua escola... Isso não seria motivo para se sentir mais importante?
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Não é logo no início que o menino fica sabendo do significado de seu nome... A autora nos leva à convivência familiar de Vítor Iori e aos poucos os leitores vão tomando consciência de como o nosso modo de ser (de todos nós) está repleto das contribuições africanas.
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O pai (Renato, que é professor) e a mãe (Júlia, bancária) de Vítor decidiram mudar a família para um apartamento novo e maior. Recorreram à hospitalidade do vô Zinho enquanto o prédio estivesse sendo terminado... Eles se estressavam por acharem que tumultuavam a casa; Zinho e Helena não escondiam sua satisfação em hospedá-los.
Vítor e Luanda gostariam que a situação permanecesse inalterada, pois desde mais novos se sentiam bem à vontade com os avós...
E ainda há a Tia Jô (Joseni, irmã gêmea do vô Zinho), bibliotecária aposentada e contadora de histórias das boas...
O vô Zinho é condutor de Van Escolar, então sua irmã Jô o auxilia no transporte das crianças... É Vítor Iori quem diz que ela conta histórias para a garotada em suas idas e vindas (de casa para a escola, e da escola para casa)...  São histórias que prendem a atenção... Umas são bem engraçadas e provocam longas risadas... Outras são tristes... Todas elas fazem a gente pensar...
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É verdade... A tia Jô não permite interpretações equivocadas...
É como o que ocorreu quando o vô e a vó fizeram aniversário de casamento e reuniram muitos parentes do interior... O pessoal se espalhou pela casa e teve de dormir em colchonetes... Para as crianças foi uma diversão só... Em tom de brincadeira, o vô Zinho disse que o lugar parecia uma senzala... Vítor e Lua (o apelido carinhoso de Luanda) não entenderam, então Jô explicou... É claro que o garoto não concordou com a comparação que o avô havia feito.
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Como esquecer a lenda do baobá contada pela tia Jô? Ela sempre mostrava as ilustrações dos livros, e isso aguçava ainda mais a atenção das crianças da Van escolar... Quando ela explicou que a árvore vive até seis mil anos e é sagrada no Senegal e em muitos outros países africanos, Vítor ficou pensando sobre essa informação... “Será que tem muitos países na África?”
Leia: Meu Avô Africano. Panda Books.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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