sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

“Meu avô africano”, de Carmen Lucia Campos – uma sugestão de leitura com a temática “africanidades para crianças” – Última Parte – “Também Sou Africano”

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2015/01/meu-avo-africano-de-carmen-lucia-campos_73.htm antes de ler esta postagem:

De meados do mês de outubro do último ano até o final de novembro reservamos algumas aulas (grupos de sextos anos do Ensino Fundamental) para a leitura compartilhada de Meu Avô Africano, livro de Carmen Lucia Campos, com ilustrações de Laurent Cardon (São Paulo: Panda Books, 2014 – 4ª impressão – Coleção Imigrantes do Brasil).
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Estamos no ponto em que o garoto Vítor Iori decidiu que a Nigéria seria o tema central de sua pesquisa para a “Festa das Nações”...
Ele contou mesmo com a colaboração da tia Jô e do vô Zinho, que o ajudaram nas pesquisas sobre outras localidades africanas... Ao final do processo ele concluiu que o conhecimento que as pessoas têm sobre a África se limita muitas vezes ao que assistem em programas televisivos com pouco ou nenhuma base histórica...
Vítor não conseguiu esconder o seu encantamento com a riqueza cultural do continente que é o “berço da humanidade”... Então as pessoas precisam saber que a África não é só “fome, miséria e doenças” e tampouco suas sociedades podem ser resumidas a povos que usam roupas coloridas e dançam e cantam de modo exótico... Pensar a África implica em muito mais do que imaginarmos as selvas e seus animais ferozes.
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O menino também chegou à conclusão de que não podemos relegar a África a uma condição de “passado”... Também na vivência com os familiares ele descobriu que muitos dos costumes dos brasileiros têm a ver com a África e os africanos.
O avô Zinho falou muito a respeito de sua própria experiência de vida... Contou que na sua época de estudante colocavam-lhe muitos apelidos por causa da cor de sua pele; e que zombavam o fato de sua avó pertencer ao Candomblé... Mas logo as pessoas pararam de incomodar ao reconhecerem suas habilidades matemáticas...
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Toda a família se encaminhou para a escola no dia das apresentações... Vítor estava animadíssimo com as vestes típicas (em verde e branco) que confeccionou com a ajuda da professora de artes... Na ilustração que apresenta o garoto em seu estande notam-se fotografias com paisagens nigerianas, uma máscara, quitutes... O texto revela que ele estava bem preparado para falar sobre o país escolhido.
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As dúvidas típicas de uma criança de nove anos surgiram... Sempre com o característico bom-humor elas foram sanadas pelo vô Zinho e pela tia Jô... Numa ocasião em que falavam sobre a Abolição, ele quis saber se os dois haviam sido escravos... Uma simples operação matemática revelou que muitos anos já se passaram desde o final do século XIX, e é claro isso rendeu boas risadas.
Vítor também perguntou se o avô era africano ou brasileiro, e observou que a tia Jô havia dito que um de seus apelidos fora “Queniano”... Ora, após a sua pesquisa ele ficou sabendo que o Quênia é um dos países da África... O vô Zinho contou a divertida história sobre a vez em que ele decidiu participar da tradicional “Corrida de São Silvestre” e chegou ao final se arrastando de tão esgotado que ficou pelo esforço físico... Alguém gritou “vai queniano!” fazendo uma gozação, pois todos sabem que os quenianos são excepcionais corredores de longas distâncias... Por um bom tempo o pessoal mais chegado continuou a chamá-lo de “Queniano”.
O vô Zinho quis mostrar ao Vítor que não tinha a menor importância ser chamado de “Queniano”, até porque ele se sente pertencente a todas as nações africanas... Ser africano está no sangue... E isso “passa de pai para filho, e de avô para neto”.
É isso...
Vítor concluiu que, por ter um “avô africano”, também ele se sente um pouco africano.
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Não é por acaso que a parte final da história se chama Eu também sou Africano.
O vô Zinho explicou que Iori quer dizer “força da luz”... Essa revelação proporcionou grande alegria ao garoto, que não podia esperar para contar tudo o que aprendera aos seus colegas da escola.
Fim.

P.S.:
As últimas páginas de Meu Avô Africano são reservadas para breves informações sobre a História e a Geografia da África. Há uma página inteira sobre “escravos no Brasil” e sobre as lutas abolicionistas e pelos direitos civis. Zumbi é lembrado no trecho que trata dos quilombos espalhados pelo país.
Reproduções de mapas e de imagens diversas fazem referências aos nossos vínculos com a África...
O livro só podia se encerrar com a sugestão de visita às “casas de cultura e museus que divulgam a rica herança africana”.
Leia: Meu Avô Africano. Panda Books.
Proposta de Aulas em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2015/01/meu-avo-africano-de-carmen-lucia-campos_52.html
Um abraço,
Prof.Gilberto

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