segunda-feira, 14 de abril de 2014

“Holocausto Brasileiro – Genocídio: 60 mil mortos no maior hospício do Brasil”, de Daniela Arbex – o projeto do “Lar Abrigado” e o trabalho abnegado de irmã Mercês

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/04/holocausto-brasileiro-genocidio-60-mil_11.html antes de ler esta postagem:

Pessoas como a irmã Mercês nos levam a crer que o ser humano ainda possa trilhar uma ética bem oposta aos interesses pessoais, às posses materiais e às mesquinharias que acabam tornando as relações belicosas.
Desde 1983 sua vida tem sido pautada pelo amor dedicado aos que vivem na “Casa Amarela”... Todos conheciam a sua insistência em garantir um “lar aos sobreviventes do holocausto brasileiro” e as autoridades médicas viam com muita desconfiança a metodologia pretendida por ela... Porém, aos poucos, seu projeto foi se concretizando com a construção do lar.
Desde o início, a madre fazia questão de levar os futuros moradores da casa ao local onde ela estava sendo construída... Embora eles não se comuniquem pela fala, ela fazia questão de dizer-lhes que era ali que passariam a viver... Ao seu modo, eles se expressavam pelos olhares... Mercês percebia que eles estavam mudando.
É claro que não foi de um momento para outro que a nova condição se estabeleceu... Após a mudança para o novo lar, hábitos básicos como a utilização adequada do vaso sanitário foram ensinados. Para eles, que estavam acostumados a urinar e defecar “em qualquer canto”, aprender a usar o banheiro corretamente consistia tarefa quase impossível... Mas a paciente madre permanecia por mais de meia hora com cada um deles, e assim, aos poucos, e seus esforços resultaram em bem sucedidos...
(...)
Os erros que eventualmente cometiam eram minimizados por Mercês. Ela os incentivava elogiava a cada vez que procediam corretamente...
É evidente que os acolhidos reconheceram que dormir em camas limpas e confortáveis era bem melhor do que a situação que vivenciaram anteriormente... Todavia o aprendizado pelo qual passaram foram marcados por vários outros aspectos da convivência em grupo, como os horários para as refeições nos pratos utilizando a colher...
(...)
Holocausto Brasileiro transmite-nos um pouco da abnegação da irmã Mercês no trato com aqueles que se tornaram seus agregados... Sugeriram a ela que os condicionasse ao toque de um sininho... Ela recusou-se prontamente por considerar o método ofensivo e apropriado para animais que se pretende adestrar.
Nina, por exemplo, por muito tempo relutou dormir em um colchonete... Foi com muita paciência e compreendendo as limitações da outra que a madre conseguiu convencê-la a aceitar a mudança.
(...)
As decisões tomadas por Mercês deixavam os médicos tradicionais apavorados... Eles não concordavam com sua iniciativa de diminuir os medicamentos que dopavam os “meninos da casa”...
Nina, que não é egressa do Colônia (veio do Instituto “Caminho para Jesus”) era a paciente que despertava as maiores preocupações... Os médicos diziam que retirar-lhe a medicação era temerário porque ela se tornaria muito agitada e, dessa forma, poderia quebrar toda a casa.
Irmã Mercês percebeu que as ocasiões de maior agitação de Nina ocorriam nas mesmas épocas de sua TPM... Seu comportamento agressivo relacionava-se às terríveis cólicas que sofria... A sensibilidade da religiosa possibilitou-lhe o acerto... Ela registrou os episódios em calendário e, dessa forma, conseguiu antecipar-se às crises, que foram resolvidas “com óleo de prímula”... A planta originária da América do Norte tornou-se essencial no “tratamento preventivo” destinado a Nina.
Os métodos humanistas de Mercês resultaram em alterações tão significativas que a vizinhança quis saber o que estava ocorrendo, pois já não ouviam choros  ou gritos desesperados a partir da “Casa Amarela”.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/04/holocausto-brasileiro-genocidio-60-mil_16.html
Leia: Holocausto Brasileiro. Geração Editorial.
Um abraço
Prof.Gilberto

Páginas