sexta-feira, 11 de abril de 2014

“Holocausto Brasileiro – Genocídio: 60 mil mortos no maior hospício do Brasil”, de Daniela Arbex – irmã Mercês e sua vida devotada a servir os pobres e necessitados de assistência à saúde mental; perseguições e pastoral na Itália; contato com Franco Basaglia; retorno ao Brasil e encontro com os “meninos de Barbacena”

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/04/holocausto-brasileiro-genocidio-60-mil_9.html antes de ler esta postagem:

Das trinta e três crianças enviadas de Oliveira para o Colônia em 1976, restavam seis (até o ano passado, quando o livro foi publicado). De fato, Elza Maria do Carmo e Maria Cláudia Geijo permaneceram em Barbacena... Silvio Savat, Antônio M. Ramos, Wellington Albino e Wanda Lúcia foram transferidos para Belo Horizonte em 1980... Encontram-se na faixa entre os 40 e 50 anos de idade e residem no “Lar Abrigado” (que é uma extensão do Centro Psíquico da Adolescência e Infância).
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Em novembro de 1998 deu-se a inauguração da Casa Amarela, onde os quatro egressos do Colônia convivem com mais três oriundos de outras clinicas. Esse grupo acabou constituindo-se numa família que é capitaneada por Mercês Hatem Osório.
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Devemos destacar o engajamento de Mercês, uma religiosa que desde o início de sua vida consagrada se dedica à causa das pessoas com algum tipo de deficiência... O “Lar Abrigado”, por exemplo, é um projeto que demandou quase vinte anos de seus esforços para garantir “aos meninos de Barbacena, agora adultos, o lar que nunca tiveram”.
Irmã Mercês ingressou na comunidade religiosa ao tempo das passagens dos anos 1960 para os 1970... Como sabemos, aqueles eram tempos em que o país vivia o Regime Militar, repressor das liberdades e atuações comunitárias. No caso da madre, sua vocação a despertou para o trabalho psicopedagógico desde que fora aluna do Colégio Helena Guerra (também na capital do estado de Minas Gerais). Isso resultou em perseguições.

Irmã Mercês dedicou-se à alfabetização de crianças pobres. Fazia isso a partir da realidade delas, e sem cartilha alguma. Podemos dizer que o Método Paulo Freire e as ideias de Vygotsky estavam presentes em sua prática... O “método humanizado” levava em conta a solidariedade entre as crianças, pois as que tinham mais facilidade para aprender eram levadas a colaborar com as demais.
A madre permaneceu por três anos no Amapá, onde se dedicou à pastoral em meio aos índios... Como a perseguição às freiras do Convento Helena Guerra tornou-se mais agressiva, irmã Mercês transferiu-se para a Itália em 1973... Ela só retornou ao Brasil dez anos depois.
Em Assis, a religiosa trabalhou na área de saúde e ingressou numa das equipes do Serviço Hospitalar de Trieste, dirigido por ninguém menos que Franco Basaglia, o revolucionário médico psiquiatra que pregava o fim dos manicômios... Holocausto Brasileiro cita o episódio em que Basaglia “armou” os internos do hospital com martelos para destruírem as paredes... Esse “ato simbólico” pretendia significar o fim do “modelo de atendimento centrado no isolamento”... A OMS (Organização Mundial de Saúde) reconheceu o Centro Hospitalar e as cooperativas dirigidas por Basaglia como verdadeiras referências “para a reformulação da assistência à saúde mental”.
                                                                               * É bom que se saiba que em 1978 a Itália aprovou a lei nº 180, que aboliu os manicômios no país.
Basaglia visitou o ambiente em que a irmã Mercês e outras religiosas desenvolviam atividades com mulheres mentalmente transtornadas... Ele aprovou tudo o que viu e ficou claro que ambos compartilhavam as mesmas ideias a respeito do tratamento psiquiátrico.
                                                                                * É bom que saiba que em 1979 o doutor Basaglia visitou o Colônia. Ele comparou a instituição de Barbacena aos campos de concentração nazistas.
Depois que a irmã Mercês retornou ao Brasil, dedicou-se ao trabalho na creche destinada aos filhos de funcionários da Fundação Hospitalar de Minas Gerais... Nos anos 1970 a Fhemig havia se tornado responsável pelo Colônia... Foi no Centro Psíquico da Adolescência e Infância que ela conheceu os “meninos de Barbacena”.
Leia: Holocausto Brasileiro. Geração Editorial.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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