
A repercussão do trabalho de Barreto na grande imprensa mineira fez com que a sindicância contra ele fosse arquivada.
(...)
!979 foi o ano da visita de Franco Basaglia a o
Brasil (mais sobre isso em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/04/holocausto-brasileiro-genocidio-60-mil_11.html). Ele veio exatamente para realizar visitas aos manicômios locais.
Antônio Soares Simone, médico psiquiatra que à época contava vinte e oito anos,
aproveitou para convidar o italiano para conhecer o Instituto Raul Soares e o
Hospital Galba Veloso, os dois em Belo Horizonte, e também o Colônia, em
Barbacena.
(...)
Antônio Soares conhecia o Colônia de longa data e disse
a Basaglia que não entendia o silêncio dos médicos em relação ao que ocorria em
Barbacena... Eles nem procuravam saber onde eram “fabricados os cadáveres que
alimentavam as salas de anatomia das faculdades”!
Foi o próprio Simone quem fez o transporte de Basaglia até Barbacena...
E é ele mesmo que garante que o psiquiatra italiano ficou atônito após conhecer
o Colônia e que, depois, permaneceu em silêncio na viagem de volta à capital...
Após ter proferido sua conferência na Associação
Médica Mineira, Franco Basaglia pediu que Simone convocasse a imprensa para uma
coletiva. Foi então que a autoridade italiana manifestou ter estado “num campo
de concentração nazista” e que em nenhum lugar do mundo havia presenciado tragédia
semelhante à verificada no Colônia.
(...)
As declarações de Basaglia atraíram a atenção da imprensa mundial,
inclusive o New York Times... Por outro lado, Simone tornou-se perseguido e foi
processado pelos hospitais... Até mesmo o seu diploma foi ameaçado.
Mas ele garante que todo o sacrifício foi recompensado,
pois contribuiu para colocar um “fim à fábrica de cadáveres e ao grande
sofrimento humano em Barbacena”.
(...)
A Associação Mineira de Saúde Mental, fundada pelo psiquiatra Ronaldo
Simões, ganhou muita força depois da visita de Basaglia ao Brasil... Muitos se
animaram e se tornaram “militantes basiglianos”. Esse foi o caso de Paulo
Henrique R. Alves, que “transmitiu os conceitos de humanização para seus alunos”
da UFMG...
Em 1980 a Fhemig (Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais) aprovou
o Projeto de Reestruturação da Assistência Psiquiátrica, consonante com o III
Congresso Mineiro de Psiquiatria... Graças a isso, “os porões da loucura,
finalmente, começaram a ser abertos”.
(...)
Ocorreram mudanças nos vários hospitais,
inclusive no Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena (o Colônia).
Leia: Holocausto Brasileiro. Geração Editorial.
Um abraço,
Prof.Gilberto