domingo, 5 de fevereiro de 2017

“Santos-Dumont na Coleção brasiliana Itaú” – exposição do Instituto Itaú Cultural – o “pai da aviação”; o 14-Bis e o Demoiselle; aviões e guerras; depressão e morte de Santos Dumont – última parte

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/02/santos-dumont-na-colecao-brasiliana_96.html antes de ler esta postagem:

Em 1905 Santos Dumont construiu o nº 14, um balão de aperfeiçoada concepção. Ao mesmo tempo desenvolveu o projeto de um aeroplano que, mesmo sendo mais pesado do que o ar, tivesse condições de decolar graças a um motor a gasolina.
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Na primeira experiência, o aparelho dotado de asas foi levantado a certa altura pelo nº 14, e é por isso que ele foi chamado de 14-Bis... Também experimentaram puxá-lo (como se puxam as “pipas” também conhecidas como “papagaios” - “kites” em inglês), e para tal o atrelaram a um burrico.
Depois de vários testes, Santos Dumont conseguiu que seu aparelho decolasse e se mantivesse em voo autônomo (sem que fosse necessário utilizar nenhum recurso para impulso ou elevação)... Convicto de sua realização, inscreveu o seu invento em concurso do Aeroclube e também na competição criada por Ernest Archdeacon...
Em 23 outubro de 1906 o 14-Bis realizou o voo que consagrou Santos Dumont como “o pai da aviação”. Os presentes (mais de mil pessoas) no Campo de Bagatelle ficaram encantados com a elevação obtida (entre 2 e 3 metros) e o percurso realizado (60 metros) em sete segundos.
Algum tempo depois, os irmãos Wright (os norte-americanos Orville e Wilbur) reivindicaram a condição de terem realizado o feito antes do brasileiro... Por um bom tempo (para muitos isso perdura até os dias de hoje) a polêmica persistiu. A favor da histórica manobra do 14-Bis contam os testemunhos oculares a respeito da decolagem autônoma... Além de os Wright não apresentarem “testemunhas fidedignas”, sabe-se que seus aparelhos eram lançados por equipamentos que os catapultavam.
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Santos Dumont dedicou-se ainda mais à construção de aviões. Merece destaque o seu Demoiselle, conhecido pelo seu refinado design e leveza.
Sua biografia evidencia que ele pretendia tornar a aviação uma conquista para o bem da humanidade... A partir de seu ponto de vista, todos deveriam ter condições de construir os próprios aviões e usá-los pacificamente... É por isso que disponibilizava os desenhos a quem desejasse replicá-los.
Muitos outros experimentos foram realizados por outros inventores e cientistas... Em julho de 1909 o engenheiro Louis Blériot (amigo e estudioso dos projetos de Dumont) conseguiu atravessar o Canal da Mancha com o seu “Blériot XI”.
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A partir de então as nações mais desenvolvidas passaram a entender o avião como excelente equipamento de guerra (a guerra de 1914-1918 comprovou isso).
A utilização bélica do avião tornou Santos-Dumont um homem angustiado... O inevitável desenvolvimento tecnológico fez com que as aeronaves se tornassem mais eficazes, também como armas de destruição.
Alberto Santos Dumont morreu no dia 23 de julho de 1932. Por essa época ocorria no Brasil a “Revolução de 32”, conhecida pelo confronto entre as tropas do estado de São Paulo e as que defendiam o governo do presidente Getúlio Vargas.
Conta-se que Santos Dumont estava instalado no Guarujá (cidade do litoral paulista), onde recebia a assistência de parentes... No fatídico dia, ele teria visto manobras aéreas de bombardeiros federais que partiam para ataques a uma embarcação militar de São Paulo. Não suportou o fato de “brasileiros agredirem brasileiros” com o equipamento que ajudara a criar para fins pacíficos.
Os médicos atestaram que a causa da morte havia sido um ataque cardíaco... Testemunhas (camareiras do hotel) que encontraram o cadáver afirmaram que ele se enforcara com uma gravata.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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