domingo, 26 de fevereiro de 2017

“A Volta ao Mundo em Oitenta Dias”, de Júlio Verne – da “Coleção eu Leio” – Passepartout faz compras em Bombaim; diversidade cultural e “desfile parsi”; confusão no pagode de Malebar-Hill; trem para Calcutá; Fix altera seus planos de perseguição

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/02/a-volta-ao-mundo-em-oitenta-dias-de_12.html antes de ler esta postagem:

Passepartout também começava a perceber que o patrão não pretendia ficar por muito tempo em Bombaim... As compras que tinha de fazer e a ordem de chegar à estação antes das 20:00 eram indícios de que a aposta de volta ao mundo em oitenta dias parecia ser séria... Não podia sustentar que retornariam para Londres depois de chegarem a Calcutá. Pelo visto, ele que pretendia se estabelecer num emprego estável, teria de prosseguir na aventura.
(...)
Suas andanças por Bombaim depois de ter adquirido camisas e outras peças indispensáveis o colocou diante de uma variedade tremenda de transeuntes... Armênios, parses...
Sobre esses últimos, o texto destaca que estavam em dias de festividades religiosas... Eram “descendentes diretos dos seguidores de Zoroastro” e se destacavam por sua iniciativa em relação aos negócios. Ainda de acordo com o texto, os parses deviam ser entendidos como os mais rigorosos e inteligentes hindus. Por isso estavam entre os mais ricos de Bombaim.
Em relação às festividades, pode-se dizer que a comunidade celebrava “uma espécie de carnaval religioso”... Havia diversão em meio às pessoas... Bailarinas ricamente adornadas acompanhavam uma procissão pelas ruas... O som dos instrumentos era maravilhoso e as moças evoluíam uma linda coreografia. Não foi por acaso que os olhos e ouvidos de Passepartout tornaram-se mais atentos.
A curiosidade levou-o a acompanhar mais de perto o desfile. É claro que o rapaz se esqueceu do tempo enquanto esteve entretido com o visual e os sons festivos.
(...)
No caminho para a estação, o francês admirou-se com o pagode (templo) de Malebar-Hill e decidiu que precisava conferir o seu interior.
Ele não tinha ideia de que nem todos os acessos religiosos hindus eram permitidos aos ocidentais... Além disso, a entrada nesses espaços sempre foram marcadas pelo mais profundo respeito... O ingressante tem o dever de descalçar-se tão logo chegue à porta. Mas Passepartout não tinha conhecimento da cultura religiosa local.
O texto salienta que o governo inglês não pretendia alimentar desentendimentos com os locais por motivos religiosos... Costumes perfeitamente toleráveis não deviam gerar desconfortos que atrapalhassem os investimentos colonialistas, o que de fato interessava.
É por isso que o governo punia exemplarmente os que desrespeitassem as práticas religiosas em terras indianas.
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Aconteceu que o criado de Phileas Fogg foi entrando no templo como qualquer turista acessa
museus e ricas exposições exóticas... De fato, as paredes possuíam decorações deslumbrantes, muitas delas em ouro. O francês não escondia sua admiração.
Passepartout não entendeu quando chegaram por trás e o derrubaram... Do chão, enquanto levava nervosos pontapés, observou três sacerdotes brâmanes. Eles estavam furiosos, gritavam e batiam nele enquanto arrancavam-lhe os sapatos e meias.
Passepartout levantou-se como pôde... Defendeu-se desferindo socos contra dois dos homens que também se atrapalhavam devido às longas túnicas que vestiam... Na sequência correu em direção à saída, sendo acompanhado a certa distância pelo terceiro religioso.
Alcançou o lado externo e correu o mais que pôde. Assim conseguiu livrar-se de seu perseguidor e de outros hindus que atendiam ao seu apelo para capturar o fugitivo.
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Pouco antes do horário da partida do trem, Passepartout chegou à estação... Estava sem chapéu e sapatos, além disso perdera o pacote com as compras.
Ao se aproximar do patrão, contou-lhe sobre os episódios no pagode de Malebar-Hill... A certa distância estava o inspetor Fix que a tudo ouviu com atenção.
(...)
Em relação a Fix, é bom que se saiba que ele passara o tempo a perseguir o senhor Fogg... Percebeu que ele prosseguiria de trem até Calcutá, então decidiu fazer o mesmo... Iria até onde fosse necessário para prendê-lo.
(...)
Phileas Fogg chamou a atenção de seu empregado. Manifestou que esperava que o rapaz não se metesse novamente em encrencas como aquela.
Passepartout, que não tinha argumentos para se defender, abaixou a cabeça e seguiu o patrão.
Fix começou a subir no vagão onde estava reservado o seu lugar... Todavia, no último instante, decidiu ficar em Bombaim porque mudou os planos... Concluiu que tinha condições de prender o seu suspeito se trabalhasse com a tese de “delito cometido em território hindu” (a confusão que o francês arrumou no templo brâmane).
O trem deixou a estação e partiu no rumo da escuridão.
Leia: A Volta ao Mundo em Oitenta Dias – Coleção “Eu Leio”. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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