domingo, 12 de fevereiro de 2017

“A Volta ao Mundo em Oitenta Dias”, de Júlio Verne – da “Coleção eu Leio” – sobre o desenvolvimento levado pelos ingleses à Índia; itinerário da “Great Indian peninsular railway”; gibelotte de coelho no restaurante da estação; Fix entra em contato com o diretor de polícia de Bombaim

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/02/a-volta-ao-mundo-em-oitenta-dias-de.html antes de ler esta postagem:

Depois que os ingleses dominaram a Índia muita coisa mudou em toda a região... É claro que isso gera muita discussão. O texto de Verne leva em consideração o desenvolvimento (este termo também propicia discussões) que os capitalistas podiam proporcionar às terras colonizadas.
Em síntese, o autor deixa claro que antes dos ingleses as pessoas eram transportadas por meios rudimentares de transporte (muitos seguiam a pé, a cavalo, charrete, carruagem ou palanquim) e havia mesmo os que viajavam carregados às costas de outros homens.
Com os ingleses vieram as embarcações a vapor que atravessavam o Indo e o Ganges... E de Bombaim até Calcutá havia sido construída uma longa estrada de ferro, a “Great Indian peninsular railway”. Se o traçado fosse em “linha reta”, em apenas três dias os viajantes podiam vencer o percurso. Tudo isso graças ao progresso proporcionado pelos colonizadores...
O autor explica que as condições só não eram das melhores porque havia trechos de longas subidas, como o que seguia para Allahabad.
Na verdade, ele explica o mapa da estrada de ferro com detalhes interessantes: deixando a ilha de Bombaim, o trem passava por Salsette; rumava para Thana e dali para Burhampur, mais ao nordeste; cortava o “território quase independente do Bundelkund” até chegar na já mencionada Allahabad; na sequência a locomotiva reaproximava-se das margens do Ganges atingindo a localidade de Benares; distanciando-se novamente do rio, rumando para o sudeste, passaria por Burdivan e por Chandernagore (de administração francesa) até alcançar Calcutá.
(...)
O trem para Calcutá saía às oito da noite.
Logo que o Mongólia chegou a Bombaim, Phileas Fogg despediu-se dos companheiros de uíste. Depois ordenou que Passepartout se dirigisse à cidade para algumas compras. Deixou claro que o criado devia comparecer à estação antes das vinte horas.
Na sequência tratou de obter mais um visto para o passaporte junto ao escritório do embaixador local.
De modo algum sairia para passeios turísticos... E olha que Bombaim oferecia muitas opções (mercado de algodão, diversos fortes, uma fabulosa biblioteca, bazares e os mais diversos templos religiosos). Também havia muito o que se ver nas proximidades (hipogeus, grutas e ruínas budistas).
(...)
Phileas Fogg obteve visto e carimbo em seu passaporte e foi direto para a estação... Jantaria e aguardaria o horário da partida.
O maitre sugeriu um gibelotte de coelho... O guisado era uma especialidade da região, então o cliente resolveu aceitar. Mas logo que começou a degustar sentiu repugnância da carne e também do molho à base de vinho carregado de temperos. Fogg chamou o maitre e quis saber se era coelho o que estava ingerindo... O tipo garantiu que sim, tratava-se de “coelho da floresta”.
Phileas Fogg provocou ao perguntar se aquele coelho não teria miado no momento em que o mataram... O maitre entendeu o que o inglês queria dizer e jurou que o que estava no prato era carne de coelho.
Fogg o advertiu... Não devia jurar. Além disso não podia se esquecer que no passado os gatos eram considerados sagrados na Índia. Desconcertado, o maitre emendou que aquilo devia ser bom para os gatos. O elegante inglês respondeu que talvez fosse bom também para os viajantes.
Apesar desse desconforto, Phileas Fogg voltou a comer tranquilamente.
(...)
O inspetor Fix deixou o Mongólia logo após o senhor Fogg.
Não perdeu tempo e encaminhou-se à instalação do diretor de polícia de Bombaim. Apresentou-se na condição de detetive, relatou o caso do roubo ao Bank of England e explicou sua missão... Deixou claro que precisava do mandato de prisão que solicitara a Londres e perguntou se o documento havia chegado.
O diretor de polícia respondeu que não recebera nada... Raciocinou que seria praticamente impossível o papel (que partiu de Londres depois do suspeito) chegar antes a Bombaim do Mongólia.
Fix quis saber se o homem podia providenciar uma ordem de prisão contra Phileas Fogg. A resposta foi negativa e a justificativa era a de que, legalmente, apenas a metrópole poderia expedir o mandato.
Fix compreendeu. Sabia que em seu país não se cometiam arbitrariedades... Então a única coisa que devia fazer era aguardar o mandato pacientemente. Enquanto isso não perderia de vista o seu suspeito, que certamente não se demoraria em Bombaim.
Leia: A Volta ao Mundo em Oitenta Dias – Coleção “Eu Leio”. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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