sábado, 11 de fevereiro de 2017

“A Volta ao Mundo em Oitenta Dias”, de Júlio Verne – da “Coleção eu Leio” – o Mongólia reabastece em Steamer Point; Adem cosmopolita; bons ventos, excelente tempo e sorte no jogo; a respeito da administração da Companhia das Índias

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/01/a-volta-ao-mundo-em-oitenta-dias-de_27.html antes de ler esta postagem:

Conforme o Mongólia seguiu deslizando pelo Mar Vermelho, os passageiros puderam contemplar colinas repletas de vegetação e campos cultivados.
Logo avistaram Moka e os cafezais... A tudo Passepartout admirava e não escondeu o seu encanto no momento em que passaram pelo estreito de Bab-el-Mandeb (que significa “Porta das Lágrimas”).
Em Steamer Point ocorreu o abastecimento de carvão... Centros como aquele garantiam que os navios da Companhia Peninsular e de outros consórcios realizassem longas viagens.
Seiscentas e cinquenta milhas separavam o Mongólia de Bombaim. Em Steamer Point a embarcação permaneceu por quatro horas. Phileas Fogg não demonstrava a menor preocupação em relação ao tempo da viagem, pois mantinha a convicção de que faria a volta ao mundo nos oitenta dias previstos. Aquele tipo de parada era levado em consideração em sua projeção.
A rigor, suas anotações davam conta de que estava adiantado em pelo menos quinze horas. E isso ficou evidente quando o Mongólia chegou a Aden na noite do dia 14 de outubro... A planilha que Fogg levava em sua cabine previa desembarque nessa cidade na manhã do dia 15.
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Devido à sua posição estratégica, os ingleses mantinham as fortalezas de Adem ativadas e guarnecidas... Muitos engenheiros britânicos podiam ser vistos dedicando-se à manutenção em obras que datavam de remotas épocas. 
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Fogg desceu com Passepartout afim de buscar o visto em seu passaporte... O inspetor Fix os acompanhou de longe e assim pôde notar que, de fato, seu suspeito insistia na formalidade junto ao representante inglês no posto... Aguardou e viu quando ele retornou ao navio.
Passepartout resolveu passear pela cidade que contava vinte e cinco mil habitantes (eram somalis, banianos, parses, judeus, árabes e europeus). Conforme caminhava, entendia que viajar sempre traz muitas vantagens, pois podemos conhecer novos lugares e muitas curiosidades.
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À tarde o Mongólia partiu... Em pouco tempo encontrava-se em águas indianas... Previa-se que em sessenta e oito horas a embarcação atracaria em Bombaim.
O trecho não oferecia obstáculos e os ventos eram favoráveis. As velas foram acionadas, assim o vapor manteve estabilidade tal que possibilitou o retorno da música ao piano e os bailados... É por isso que as mulheres animaram-se a deixar suas cabines.
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A viagem prosseguiu com velocidade favorável. Passepartout parecia entender-se bem com o companheiro de assuntos variados, Fix, o “funcionário da Companhia de Navegação”.
Depois do meio-dia de 20 de outubro, um domingo, a embarcação passou por diversas ilhas e ao longe foi possível avistar a costa indiana. O porto de Bombaim foi alcançado às quatro e meia da tarde.
Durante todo aquele dia, Phileas Fogg permanecera entretido no jogo de cartas... O final da viagem ocorreu em alto estilo, pois ele e o parceiro conseguiram “um grande slam admirável”.
Melhor que isso só mesmo o fato de haver ganho dois dias em relação à data prevista para a chegada a Bombaim. Em sua planilha, Fogg fez o registro na “coluna dos lucros”.

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A respeito do domínio inglês na Índia, Júlio Verne registra que o grande território possuía população estimada em cento e oitenta milhões de pessoas. Em Calcutá havia um governador geral britânico... Madras, Bombaim e Bengala também eram sedes administrativas onde havia governadores ingleses. Um vice-governador tinha base em Agra.
Mas isso não significa que toda a extensão territorial e população estivessem sob o controle inglês... Havia muitas áreas independentes, onde as autoridades máximas eram rajás que vociferavam contra os europeus.
Foi na localidade de Madras que os ingleses iniciaram um primeiro centro administrativo e definiram os projetos colonialistas... Isso foi em 1756 e durante um século a Companhia das Índias manteve-se no controle, anexando territórios e negociando com os líderes políticos locais. Normalmente os rajás concordavam com a ocupação dos imperialistas esperando receber parte dos lucros que estes auferiam na exploração.
A Companhia empossava governadores e nomeava funcionários civis e militares... Sobreveio a Revolta dos Cipaios (1857) e o resultado foi o desmantelamento e enfraquecimento da estrutura empresarial. Dessa forma, a própria coroa britânica passou a definir o desenvolvimento colonial na Índia.
Leia: A Volta ao Mundo em Oitenta Dias – Coleção “Eu Leio”. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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