É verdade que desde o final do século XVIII faziam-se experiências com o intuito de “dar asas aos humanos”... Complicados mecanismos eram acoplados às costas como se fossem asas... Grandes balões eram tecidos e testados para a utilização no transporte de pessoas e cargas... Sabe-se que, conforme o tempo passou, balões também foram utilizados em conflitos bélicos.
O maior problema dos que se engajavam em projetos aeronáuticos era a impossibilidade de conduzir os balões, já que eles percorriam trajetórias “ao sabor dos ventos”. O século XIX foi marcado por algumas experiências que anexavam motores e hélices aos balões... O peso dos equipamentos adicionais inviabilizava os projetos.
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Em 1891, Santos Dumont teve
oportunidade de conhecer Paris e toda a sua efervescência cultural, filosófica
e tecnológica. Encantou-se com o motor de combustão interna e sua utilização em
automóveis... Não foi por acaso que insistiu com o pai para que comprasse um
Peugeot e trazê-lo ao Brasil.
Santos Dumont não tinha dezoito anos completos quando
obteve do pai emancipação jurídica e sua parte da herança.
Retornou a Paris, onde contatou excelentes professores... Seu interesse
eram os balões e a mecânica. Sem prestar conta de seus atos aos mestres ou aos
parentes mais próximos, Alberto Santos Dumont entrou em contato com homens que
realizavam voos experimentais...
Estava no Rio de Janeiro quando leu a respeito do
balão elaborado pelo famoso engenheiro francês Henri Lachambre. Foi num de seus
balões que sobrevoou Paris pela primeira vez.
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Dois anos antes do final do século XIX, Dumont podia ser visto em
balões, participando de corrida de automóveis ou organizando um desses eventos.
Encomendou um balão à equipe de Lachambre e deu-lhe o nome de Brasil... Ele mesmo o havia desenhado...
Era um lindo aparelho e se diz que lembrava a uma grande “bolha de sabão”. Dizia-se
também que o equipamento era tão prático que podia ser carregado numa mala.
Um amigo caricaturista cuidou de fazer sua publicidade e aos poucos as
ocasiões de pilotagem se tornaram concorridas.... Sua figura tornou-se popular
e o modo de se vestir e de acomodar o chapéu panamá chamaram a atenção de
todos... Ele tornou-se dono de um “estilo próprio”, também isso uma “invenção”
de acordo com a exposição.
Seus feitos recebiam os mais inflamados elogios. Mas não eram poucos os que o consideravam
“ousado demais” e “delirante das ideias”... Sem que tivesse tempo para rebater
críticas dessa natureza, concentrou-se em seu grande objetivo: a dirigibilidade
dos balões. E foi por isso que fez adaptações em motores a explosão.
(...)
Depois de experimentar motores menores e de adaptá-los, desenhou o Santos Dumont 1. Este foi o seu primeiro
dirigível... A primeira tentativa de voo ocorreu em setembro de 1898 e deu-se
em mal sucedida principalmente por causa de seus assistentes que insistiram que
a manobra devia ser convencional como a utilizada pelos balões sem motores...
Não houve decolagem porque um choque contra as árvores danificou o balão.
Na segunda tentativa o Santos Dumont 1 demonstrou dirigibilidade
satisfatória... Todavia apresentou uma falha durante o pouso e o piloto correu
sério risco. Foi com habilidade que conseguiu orientar alguns jovens para
agarrarem a corda arremessada e puxarem o balão a um sítio seguro.
Nos anos seguintes Santos Dumont realizou muitos
outros voos... Correu riscos, enfrentou perigos diversos. Mas era ousado e não
se intimidava com a aproximação do fim do dia ou das tempestades. Suas
iniciativas renderam narrativas interessantíssimas, tudo devidamente
documentado e exposto em “Santos-Dumont na Coleção brasiliana Itaú”.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/02/santos-dumont-na-colecao-brasiliana_96.html
Um abraço,
Prof.Gilberto