A saída que os jovens guerrilheiros encontraram para escapar da implacável perseguição militar foi se embrenharem ainda mais na mata, onde a exuberante vegetação os esperava com espinhos carregados de veneno.
(...)
Não interrompiam a marcha...
Em pouco tempo seus
uniformes se tornaram trapos.
Os moços carregavam vários hematomas e arranhões nos
braços e pernas... Alguns deles estavam necessitando de cuidados médicos, pois apresentavam
ferimentos que sangravam muito.
Por duas ocasiões foram emboscados e trocaram tiros com o exército...
Onze dos jovens morreram nesses embates.
Mas esses foram confrontos isolados... Os militares
prosseguiram com sua tática de tomar posições nos vilarejos e nas estradas...
Sabiam que os subversivos teriam de sair exaustos da floresta... Ou então
pereceriam em seu interior.
A baixa do exército foi de apenas um soldado.
(...)
Depois de duas semanas os jovens já não tinham provisões...
Passaram a se alimentar de bambus e frutos silvestres que eventualmente
encontravam... Sequer sabiam quais eram comestíveis!
Não foram poucas as vezes que adoeceram após a ingestão de algo que
desconheciam.
Certa vez capturaram um
macaco e se refestelaram... Porém essa foi a única vez... Os dias se sucederam e
não conseguiram outras caças.
(...)
Mais de três meses se
passaram sem que pudessem ingerir proteínas...
Isso transformou
completamente os jovens, que se arrastavam pela floresta.
Eles desmaiavam e deliravam...
Um deles, a quem chamavam Quirito, acabou se suicidando com um balaço na
têmpora.
Essa tragédia parecia
anunciar outros reveses...
No dia seguinte, Nestor
Paz, que era o mais querido por todos e escolhido para ser o comissário, morreu
de pura exaustão nos braços do comandante Osvaldo (Chato) Peredo... Seu corpo
foi levado por cinco dias até ser lançado na correnteza de um rio que atravessaram.
Sebastian desertou... Não suportou a jornada e
aproveitou que estavam nas cercanias de Teoponte para escapar... Acabou
capturado pelo exército e fuzilado.
Mais alguns dias se passaram e também Freddy e Marcos fugiram... Esses
também tiveram o mesmo destino de Sebastian.
(...)
Não podemos deixar de considerar que a redação de
Kapuscinski selecionou trechos do depoimento gravado de Guillermo Veliz.
É o próprio guerrilheiro que garante que a situação se repetiu com
outros seis companheiros... Ele cita nominalmente Alfons e Juanito... Dessa
maneira, o grupo passou a contar quarenta e cinco rebeldes...
As fugas e os fuzilamentos sumários prosseguiram... Carlos, Mongol,
Kolla (antes de ser fuzilado, este último passou por sessão de tortura).
Logo somavam apenas vinte...
O subcomandante Alejandro e
mais quatro se dispersaram do grupo... Veliz ressalta que estes “não traíram a
causa e resistiram até o fim”.
Depois outros seis fugiram para também encontrar
a morte disparada pelo fuzil dos militares.
Leia: A
Guerra do Futebol. Companhia das Letras.
Um abraço,
Prof.Gilberto