segunda-feira, 27 de junho de 2016

“A Guerra do Futebol”, de Ryszard Kapuscinski – palavras de despedida do comandante ao moribundo Marmeto; o fim da guerrilha; últimas considerações

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2016/06/a-guerra-do-futebol-de-ryszard_25.html antes de ler esta postagem:

Chato, Marmeto, Davi e Veliz chegaram “ao topo da colina mais alta da região”...
Estavam esgotados.
Viram que no meio da exuberante floresta havia um povoado...
(...)
Era lá onde os quatro gostariam de estar.
Depois de dez semanas em constante movimentação pareciam ter chegado ao final de sua jornada...
Enfim parecia que era isso mesmo... O esforço de subir àquela altitude só podia ser explicado dessa maneira... Aquilo era o fim.
Acomodaram uma mochila embaixo da cabeça de Marmeto, e só assim ele pôde ver o vilarejo... Fogueiras estavam sendo acesas pelos moradores...
(...)
O comandante sabia que Marmeto estava nas últimas.
Também Davi e Guillermo sabiam... Chato resolveu mentir para o companheiro... Disse que no dia seguinte desceriam ao povoado, onde seriam bem recebidos pelos camponeses, que lhes ofereceriam “carne e milho” numa grande mesa repleta de outros alimentos...
Talvez Marmeto quisesse ouvir aquilo...
O comandante emendou que lhe dariam frangos assados, e até cerveja!
“Ganharás uma garota”, disse por fim.
O título escolhido para o capítulo é exatamente este: “Ganharás uma garota”...
(...)
O rosto de Marmeto se transformou...
Pareceu mesmo iluminado com o frágil sorriso que esboçou.
Chato Peredo disse mais... Disse que Marmeto poderia fazer o que bem quisesse, e que tudo daria certo... Afinal era jovem e tinha um futuro que prometia “uma vida fantástica”...
Logo o rapaz faleceu nos braços do comandante.
(...)
Os três sobreviventes sabiam que não podiam descer ao Chima – esse era o nome do povoado – porque era certo que o lugar estava ocupado por militares.
Dois dias se passaram e os jovens foram encontrados por garimpeiros que exploravam ouro no Tipuani - esse é o nome do rio que atravessa o lugar.
Kapuscinski não entra em detalhes para explicar o que se sucedeu aos rapazes...
Na parte final da fita magnética, Veliz explica que a luta de seus companheiros fazia parte do ideário contido no “princípio número um” do programa revolucionário...
Em síntese almejavam “a vitória da revolução, a formação de um governo popular e a nacionalização de todas as riquezas, que deveriam pertencer à nação”.
(...)
Eram setenta e cinco... Oito sobreviveram... Cinquenta e cinco foram fuzilados pelo exército... Doze pereceram na floresta.

(...)

Sobre essa guerrilha na Bolívia foram lançadas várias pesquisas...
Kapuscinski ateve-se a transcrever o que ouviu dos relatos de Guillermo Veliz...
Ao lermos “A Guerra do Futebol” não temos a menor ideia sobre as circunstâncias em que o material foi gravado ou como chegou às mãos do autor.
As explicações a respeito de Chato Peredo são procedentes... De fato, seus irmãos participaram da campanha anterior.
Leituras complementares dão conta de que ele estudou medicina na Universidade Patrice Lumumba, em Moscou, onde recrutou estudantes latino-americanos para a guerrilha.
Havia a expectativa da participação de cubanos que estiveram com o Che ao tempo de sua captura e execução...
Os cubanos (Pombo, Benigno e Urbano) não retornaram à Bolívia.
Mas o Exército de Libertação Nacional foi reorganizado e deu prosseguimento às lutas... Essas mesmas que foram relatadas por Guillermo Veliz.
O brasileiro Luiz Renato Pires Ribeiro era um dos setenta e cinco.
Leia: A Guerra do Futebol. Companhia das Letras.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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