sábado, 25 de junho de 2016

“A Guerra do Futebol”, de Ryszard Kapuscinski – o comandante da guerrilha não tolerou a traição de Perucho e Forte; rito sumário e execução no meio da floresta; quatro remanescentes chegaram ao topo da mais alta colina

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2016/06/a-guerra-do-futebol-de-ryszard_85.html antes de ler esta postagem:

Arrasados moral e fisicamente, os jovens foram pegos numa emboscada que vitimou dois companheiros...
Os sobreviventes penetraram na mata mais uma vez...
Durante a noite ocorreu a fuga de Perucho e Forte (Peruchín e Ferte)... Estes tipos não tinham para onde ir e permaneceram perambulando em círculos pela floresta. Dessa forma acabaram reencontrando o grupo... Já não tinham armas e traziam panos brancos à testa...
(...)
Chato decidiu que deviam punir aqueles traidores...
Sem dúvida, uma situação lastimosa.
Os réus eram pouco mais que dois esqueletos trajando trapos imundos... O resto do grupo não passava de uns esfomeados que ardiam em febre.
O comandante era o único que tinha forças para discursar e deixar claro que os traidores haviam abandonado “a causa na hora da maior dificuldade”. Ele deixou claro que ali estava o destacamento do Exército de Libertação Nacional, desonrado pela traição...
Sendo assim, o “Revolucionário Tribunal Militar” condenava-os à morte por fuzilamento.
(...)
Sem dúvida, uma situação lastimosa.
Os cinco fariam o serviço que os “rangers” treinados pela CIA não executaram simplesmente porque aqueles dois trapos não tiveram forças e não conseguiram encontrar o “caminho para o paredão”.
A sentença proferida pelo comandante foi cumprida...
Ele mesmo era o único que tinha alguma força para realizar a execução... Seus quatro comandados não conseguiam descolar seus corpos do chão frio da floresta... E foi nessa posição que ouviram os disparos que arrancaram o resto de vida de Perucho e Forte.
(...)
Algumas horas depois, Cristian também morreu... Ele entrou em colapso e à noite foi atacado por convulsões... Dormiu e não mais despertou.
No dia seguinte, em vez dos dois corpos dos traidores, os que ainda respiravam contemplaram três...
Cristian resistiu até o último momento pelo causa.
Mas não havia diferenças entre eles.
(...)
Os quatro que restaram eram: o comandante Chato Peredo, Marmeto, Davi e o próprio Guillermo Veliz.
Eles voltaram a marchar pela floresta.
Mas dessa vez seguiam com o peso das execuções em suas consciências.
Para complicar ainda mais, não tinham a menor ideia de para onde estavam seguindo... Além disso, tinham de parar diversas vezes porque Marmeto estava esgotado fisicamente.
Ele mesmo pedia para que o deixassem pelo caminho e assim poderia morrer sozinho.
(...)
À noite chegaram “ao topo da colina mais alta da região”...
Avistaram bela paisagem cortada por um rio...
Em meio à exuberante floresta havia um povoado.
Leia: A Guerra do Futebol. Companhia das Letras.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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